Em mais uma etapa do acordo de cessar-fogo firmado em janeiro, três presos israelenses em troca de 183 prisioneiros palestinos mantidos por Israel. A troca aconteceu em dois locais distintos da Faixa de Gaza e envolveu a participação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Os três presos israelenses, Ofer Kalderon, Keith Siegel e Yarden Bibas, foram entregues a equipes humanitárias em Khan Yunis, no sul de Gaza. Enquanto isso, um primeiro grupo de prisioneiros palestinos foi levado da prisão de Ofer para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, onde foram recebidos por familiares e apoiadores.
Entre os palestinos libertados estão dezenas de pessoas que haviam sido presas após o ataque de 7 de outubro de 2023, além de condenados a penas longas e até prisão perpétua. Muitos passaram meses sob detenção administrativa, um mecanismo israelense que mantém prisioneiros encarcerados sem acusações formais ou julgamento.
Os ônibus que transportavam os libertados chegaram ao Hospital Europeu de Khan Yunis, no sul de Gaza, onde uma multidão se reuniu para saudar os prisioneiros. Entre eles, um idoso que precisou ser transportado em uma cadeira de rodas e jovens que foram arrancados de suas famílias durante a ofensiva israelense.
Palestinos comemoram libertação e abertura da passagem de Rafah
A libertação dos palestinos provocou uma onda de emoção entre familiares e amigos que aguardavam ansiosamente pela chegada dos ônibus. Em Ramallah e Khan Yunis, as ruas foram tomadas por celebrações, com gritos de resistência e alegria. Muitos dos libertados, no entanto, relataram as duras condições que enfrentaram nas prisões israelenses.
"Estávamos sendo tratados como se não fôssemos humanos", disse um dos prisioneiros libertados. Atualmente, cerca de 4.500 palestinos seguem encarcerados, incluindo mulheres e crianças.
Além da troca de prisioneiros, a trégua também permitiu a reabertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, depois de quase nove meses bloqueada.
Neste sábado, 50 palestinos doentes ou feridos foram transportados para receber atendimento médico no país vizinho. Segundo autoridades de saúde, cerca de 12 mil pessoas precisam de tratamento urgente, mas seguem presas em Gaza, sem acesso a hospitais adequados.
A destruição causada por Israel na Faixa de Gaza já matou mais de 47 mil palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde do território. A ofensiva reduziu bairros inteiros a escombros e forçou mais de 80% da população a abandonar suas casas, criando uma crise humanitária sem precedentes.
O acordo de cessar-fogo prevê que, nas próximas semanas, mais presos israelenses sejam trocados por centenas de prisioneiros palestinos. A segunda fase do pacto pode incluir a retirada das tropas israelenses de Gaza e a reconstrução do território, destruído após 15 meses de ataques ininterruptos.
*Com AFP e Al Jazeera
Edição: Rodrigo Chagas