Luta e resistência

Marcha antifascista reúne milhares nas ruas de Buenos Aires em resposta às declarações violentas de Milei

Durante Fórum Econômico em Davos, na Suiça, presidente atacou mulheres e comunidade LBBTQIA+

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Organizações de direitos humanos participaram da marcha em Buenos Aires na tarde deste sábado (1) - Reprodução/ARG Medios

Milhares de pessoas saíram às ruas, em Buenos Aires, capital da Argentina, na tarde deste sábado (1) para a Marcha Federal do Orgulho Antifascista e Antirracista.  

A manifestação, organizada por movimentos populares, é uma resposta ao discurso de ódio do presidente Javier Milei. Em um pronunciamento no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no último dia 23, ele atacou ideais progressistas, como o feminismo, o ambientalismo e a identidade de gênero

Para a manifestante Daniela Pugliese, as declarações do presidente despertam medo. Mulher transexual, ela relata a discriminação sofrida no cotidiano. “Consideraram mais a minha imagem do que a minha capacidade. Sou uma pessoa formada, tenho diploma superior, ensino médio completo, experiência profissional e, ainda assim, me custou horrores conseguir trabalho”, lamenta.  

Pugliese segurava um cartaz com os dizeres “Sou parte desta sociedade. Basta de ódio”. "Querem que tenhamos um retrocesso (...) Temos direito de viver, somos parte, temos direito de estar aqui, de trabalhar de ter filhos, de ter família, de ser parte de uma família", ressalta. 


"Senti medo, muito medo" declarou Daniela Pugliese sobre as falas de Milei / Reprodução/ARG Medios

No discurso, o presidente argentino acusou as pessoas trans de estarem “prejudicando irreversivelmente crianças saudáveis através de tratamentos hormonais e mutilações”, uma fala carregada de preconceito e desconhecimento sobre a comunidade LGBTQIA+.  
 
Milei também defendeu as duras políticas de austeridade econômica de seu governo, apesar do impacto sobre as populações mais pobres da Argentina; e elogiou líderes da extrema direita mundial, como Donald Trump, Benjamin Netanyahu, Viktor Orbán e Giorgia Meloni. 

“A importância de estar aqui é pela democracia, direitos humanos, e isso tem que ser valor em todo o mundo”, diz um manifestante, identificado como Pablo. “Na Ásia, na Europa, na América do Norte, em toda a América Latina a democracia está em perigo”, alerta.  

Entre os participantes da marcha estão as organizações de direitos humanos e integrantes dos coletivos Mães da Praça de Maio e Avós da Praça de Maio, que se unirão a centrais sindicais como a Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), a Central Sindical dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e a CTA-A, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), entre outras dezenas de movimentos políticos e sociais. 

“A resposta à violência econômica, à perseguição política e à repressão sexual do governo de Javier Milei tem as cores da nossa comunidade. Juntos e em aliança por todo o país, articulando todas as nossas diferenças, precisamos uns dos outros agora", foi a mensagem da assembleia antifascista LGBTIQA+, enviada para convocar a grande mobilização.  

*Com informações da ARGMedios

Edição: Douglas Matos