Entrevista

Pacheco se despede da presidência do Senado mencionando "sonho" de concorrer ao governo de MG em 2026

Senador mineiro também comentou rusgas com Lira e destacou defesa da democracia

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Rodrigo Pacheco [ao centro] concedeu coletiva de imprensa momentos antes de deixar presidência - Marcos Oliveira/Agência Senado

Momentos antes de se despedir da presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) comentou, durante coletiva de imprensa, a pretensão de concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026, conforme vem sendo especulado nos bastidores da política nos últimos tempos. O parlamentar deixa o posto após quatro anos de gestão e também é cogitado como possível indicado a ministro na reforma a ser feita em breve pelo presidente Lula (PT), que já deu declaração pública a favor de sua candidatura ao governo mineiro.

"Quem diz que está na política e que não tem o sonho de governar o seu próprio estado não está falando a verdade. É óbvio que isso é um desejo. É um sonho de qualquer um governar o seu estado. É um sonho que eu sempre tive", afirmou. O senador mineiro também comentou os sobressaltos que viveu na relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que também se despede do posto neste sábado (1º).

"É natural, numa democracia, que os Poderes divirjam a entendimentos diferentes sobre temas variados. É normal que aconteça o que não se escambar para agressividade, para interrupção do diálogo. Isso nunca houve. Tenho plena confiança de que, numa relação harmônica que temos hoje entre os três Poderes – o Judiciário, o Executivo e o Legislativo –, tenhamos a capacidade de encontrar a solução para problemas.”

Na ocasião, Pacheco sublinhou ainda o que considera destaques dos últimos anos no Senado. O pessedista esteve do comando da Casa durante a pandemia, tendo começado a gestão em fevereiro de 2021, e em diferentes momentos viveu divergências com o governo Bolsonaro. Entre outras coisas, Pacheco marcou posição contrária ao ex-capitão no que se refere à crise institucional criada por Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal (STF).

“De todas as realizações, eu considero que o que deve mais nos orgulhar [a respeito] deste período de quatro anos, sem dúvida alguma, é a defesa que o Senado fez da democracia no Brasil. A defesa da democracia foi uma tônica que fez com que o Senado se unisse num momento de negacionismo, de ataques antidemocráticos, de negação à obviedade de que a democracia deve ser garantida no Brasil”.

O senador mineiro também agradeceu pelo trabalho da imprensa na apuração dos fatos políticos nos últimos anos. “Em tempos de fake news, em tempos de descompromisso de veiculação de informação pelas redes, nunca foi tão importante uma imprensa livre, profissional, cujo trabalho deve ser garantido por todas as instituições”, disse, ao ressaltar que a atuação dos profissionais do ramo é condição fundamental para a manutenção do sistema democrático.

Senador de primeiro mandato, Rodrigo Pacheco se elegeu em outubro de 2018 por meio de uma articulação costurada pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP) e segue com cadeira na Casa até 2026. Antes disso, foi deputado federal por um mandato, também por Minas Gerais.

Edição: Douglas Matos