PERÍODO DE CHUVAS

São Paulo confirma 18ª morte em decorrência de temporais; MG soma 26 vítimas

Inmet tem feito alertas para possibilidade de chuvas intensas, sobretudo nas regiões Sudeste e Centro-oeste do país 

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
A última vítima em São Paulo foi um motorista de aplicativo, de 50 anos, que morreu afogado após ficar preso no carro - Reprodução/Defesa Civil SP

Subiu para 18 o número de mortos por conta dos temporais que ocorreram em São Paulo (SP) no último período de chuvas, que começou em dezembro. O balanço é da Defesa Civil do estado. A última vítima, na noite deste sábado, foi um motorista de aplicativo, de 50 anos, que morreu afogado após ficar preso no carro em um alagamento na Vila Prudente.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o homem chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Estadual Vila Alpina, mas não resistiu. A Vila Prudente foi uma das regiões da capital mais afetadas pelas chuvas, que chegaram aos 71 milímetros.  

Minas Gerais também registra mortes e danos significativos. Desde o início do período chuvoso, ocorreram 26 óbitos em decorrência das enchentes e deslizamentos. Outras 3.580 pessoas ficaram desalojadas e 421 desabrigadas. Há mais de 600 municípios em estado de alerta no estado. Já no Rio de Janeiro, também no Sudeste, a Defesa Civil emitiu pela primeira vez um alerta sonoro, na quarta-feira (29), para toda a população, via celular, sinalizando a possibilidade de pancadas de chuvas e possíveis alagamentos na capital. Segundo as autoridades, o mecanismo seguirá sendo utilizado para avisar a população sobre os possíveis riscos de eventos climáticos extremos. 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já havia alertado para a possibilidades de temporais com potencial de alagamentos e deslizamentos para mais de mil municípios brasileiros, sobretudo das regiões Sudeste e Centro-oeste do país. Segundo as previsões do Inmet, em São Paulo, a zona mais crítica abrange a Região Metropolitana da capital e os municípios de Campinas, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Araraquara, Piracicaba, Araçatuba, além do Vale do Paraíba.  

Neste domingo (2), o Inmet aponta grande perigo devido a altos volumes de chuvas em todo o centro do país, indo do litoral paulista, quase todo o estado de São Paulo, Triângulo Mineiro e Sul de Minas, quase todo o estado de Goiás, Tocantins, sul do Maranhão e do Pará, e grande parte dos estados do Mato Grosso e sul de Rondônia. Também há alerta de risco moderado para o sul do Rio Grande do Sul.  


Alerta de chuvas para este domingo (2) em todo o país / Inmet

Mortes em 2024 

Segundo dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), compilados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 2024 foi o quarto ano em que mais pessoas morreram em decorrência dos alagamentos e enchentes desde 1991, somando 251 mortes. A maioria delas ocorreu no Rio Grande do Sul, onde 183 pessoas perderam a vida durante as enchentes que atingiram o estado no primeiro semestre.  

Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato apontam que as mortes poderiam ter sido evitadas, caso houvesse um plano rigoroso de prevenção e mitigação de riscos. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura da capital deixou de utilizar R$ 413 milhões dos recursos empenhados para Gestão dos Riscos e Promoção da Resiliência a Desastres e Eventos Críticos ao longo de 2023. 

“Fica claro que os políticos, de maneira geral, não entendem que as mudanças climáticas são uma realidade e que impõem uma atuação muito mais intensa aos municípios. Decisões simples, que poderiam ser implementadas sem grandes custos num primeiro momento, sequer são pensadas", afirmou Pedro Luiz Côrtes, que é professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP) e coordenador da Rede Internacional de Estudos Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rimas) à reportagem do BdF.

Edição: Nathallia Fonseca