O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o plano do governo estadunidense em assumir o controle da Faixa de Gaza, anunciado ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, nesta terça-feira (4).
"Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. Então, não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: 'Nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza’. E os palestinos vão para onde?”, questionou Lula na manhã desta quarta-feira (5) em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais.
“É uma coisa praticamente incompreensível para qualquer ser humano. As pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça. Cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz”, disse Lula.
O presidente também voltou a classificar o massacre palestino como “genocídio”. "O que aconteceu em Gaza foi um genocídio, e eu sinceramente não sei se os Estados Unidos, que fazem parte de tudo isso, seriam o país para tentar cuidar de Gaza. Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído, para quem possam reconstruir suas casas, hospitais, escolas, e viver dignamente com respeito”, continuou o presidente.
"É por isso que nós defendemos a criação do Estado Palestino, igual o Estado de Israel, e estabelecer uma política de convivência harmônica, porque é disso que o mundo precisa. O mundo não precisa de arrogância, de frases de efeito. O mundo precisa de paz e tranquilidade", completou.
Em determinado momento, Lula disse que Trump “vive de bravatas”. “Você tem o tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim, ele agora tomou posse já anunciou que vai ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá, que vai mudar o nome do golfo do México para o Golfo da América, já anunciou ocupar o canal do Panamá. Sinceramente, nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo em todo tempo", declarou Lula.
Guerra tarifária
Lula também se comprometeu a impor tarifas aos Estados Unidos caso o presidente Donald Trump faça o mesmo com os produtos importados do Brasil.
“É muito simples: se ele taxar os produtos brasileiros, vai haver reciprocidade do Brasil. Não tem dificuldade. Eu já governei o Brasil com presidente republicano e com presidente democrata. Minha relação é sempre a mesma: de um Estado soberano com outro Estado soberano. Quero respeitar os EUA e quero que o Trump respeite o Brasil. É só isso. Se isso acontecer, está de bom tamanho”, disse Lula.
Recentemente, Trump impôs tarifas de 10% à China e de 25% ao Canadá e México por supostamente não conterem o fluxo ilegal de migrantes e drogas ilícitas para o território dos Estados Unidos. As medidas contra os países vizinhos, no entanto, foram adiadas por um mês. Mas as tarifas ao país asiático passam a valer em 10 de fevereiro.
Edição: Nathallia Fonseca