O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (6) que o tombamento de patrimônios históricos deve ser acompanhado por um orçamento dedicado à restauração e manutenção das propriedades. Na tarde da quarta-feira (5), parte do teto da Igreja de São Francisco, no Centro Histórico de Salvador, desabou deixando uma turista morta e outros cinco feridos.
"Eu tenho uma bronca desse negócio de tombamento. Porque em São Paulo, no Rio, em Brasília, você tomba as coisas, mas quando você faz uma política de tombar um patrimônio público, é preciso colocar dinheiro para manter", disse o presidente em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, na manhã desta quinta-feira (6).
"Eu vejo um monte de prédios tombados na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, em São Paulo, e o cidadão que fez o tombamento, que aprovou a lei na Câmara, não coloca orçamento para que isso seja conservado. Você tomba, e a coisa vai apodrecendo, vai envelhecendo, vai caindo. Então para que tombar, se não há responsabilidade de cuidar?", questionou o petista.
"Nós precisamos rever isso, se não a gente vai ter muita coisa tombada no Brasil caindo, como caiu a igreja [de Notre-Dame] na França. Nós já vimos o que aconteceu com o Museu Nacional no Rio de Janeiro, até hoje não foi resolvido", concluiu Lula.
Ao final, o presidente prestou solidariedade à família da vítima, a jovem Giulia Panchoni Righetto, e às outras pessoas feridas. "Com tristeza e pesar, soube do desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, em Salvador, que resultou em uma vítima fatal e deixou outras seis pessoas feridas. O governo federal está à disposição das autoridades locais para auxiliar neste momento tão difícil, bem como na reconstrução desse lugar sagrado para milhares de brasileiros. Expresso minha solidariedade aos familiares e amigos de Giulia Panchoni Righetto, jovem que perdeu a vida na tragédia, e a todas as vítimas que ficaram feridas", disse Lula.
De acordo com Sósthenes Macedo, coordenador da Defesa Civil de Salvador (Codesal), “todo o espaço central da igreja cedeu. Possivelmente, alguma parte dessa cobertura se rompeu e, com o peso desse espaço superior do teto, a madeira veio abaixo com o sobrepeso".
O frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião-diretor da igreja, chegou a alertar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela proteção do patrimônio cultural brasileiro, sobre uma “dilatação” no teto do espaço. O órgão faria a vistoria nesta quinta. O desabamento será investigado pela Polícia Federal e pela Polícia Civil da Bahia por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).