Neste mês de fevereiro, Porto Alegre recebe o lançamento do projeto DNÁfrica – Arte, Território e Educação. Com 12 meses de duração, a programação busca difundir os valores civilizatórios da cultura afro-brasileira. Ao total, serão 23 apresentações artísticas, cinco oficinas com duração de três meses e cinco workshops intensivos. As atividades são gratuitas e contam com registro audiovisual que será disponibilizado em plataforma online.
Idealizado pelo ativista cultural Alex Pantera e a produtora DNÁfrica, o projeto é dividido em três eixos de atuação: programas de mostras artísticas, oficinas culturais e capacitação para professores, professoras, educadores e educadoras. A dinâmica busca promover as expressões artísticas de matriz africana e realçar a sua importância nos processos de educação.
As atividades ocorrem nos bairros Bom Jesus, Jardim Carvalho e Jardim do Salso e são feitas em parceria com escolas públicas, espaços culturais e entidades sócio-educativas, como o Quintal da Leitura, o Centro de Educação Ambiental (CEA), o Ponto de Cultura Terreira da Tribo e a Associação Liga de Amparo Aos Necessitados (Alan).
Alex Pantera aponta que o projeto DNÁfrica promove ações culturais em um dos bairros de maior densidade populacional de Porto Alegre (RS). "Limitado pelas avenidas Ipiranga, Cristiano Fischer, Protásio Alves e Antônio de Carvalho, a Bonja (bairro Bom Jesus), como é chamada pelos moradores, vem sofrendo uma transformação drástica na sua paisagem e estrutura socioeconômica, com a construção de grandes condomínios verticais ao longo dessas avenidas", explica.
Para Pantera, o projeto vem ao encontro de uma metodologia interdisciplinar de ensino na qual diversos campos de conhecimento se encontram e se fortalecem. “Destaca-se também a importância de desenvolver uma educação de viés antirracista que possibilita aos jovens negros e negras reconhecer e valorizar sua ancestralidade”, finaliza o ativista cultural.
O artista elenca os principais objetivos das atividades do DNÁfrica:
● valorizar a cultura africana e afro-brasileira;
● estimular o aprendizado através da arte e cultura;
● consolidar a arte como instrumento de discussão e gerador de atuação social;
● capacitar professores e educadores na área cultural;
● envolver professores e educadores para interagir com processos artísticos e educativos;
● formar público voltada à cultura e à arte em geral;
● estimular à fruição e circulação artística em ambientes educacionais;
● promover a democratização e a acessibilidade da cultura.
Luta antirracista nas escolas
Projeto funcionará como uma ferramenta que vai tratar das questões raciais vivenciadas nas unidades de ensino / @afronario
A programação do DNÁfrica – Arte, Território e Educação iniciou com workshops para educadoras na Escola Estadual de Educação Básica Fernando Gomes (EEEB) e na Alan, além de aulas de capoeira e de música para jovens. As instituições contam com escola de educação infantil (crianças de quatro meses a cinco anos de idade) e serviço de convivência (atendimento no horário inverso da escola a crianças de seis anos e adolescentes até 14 anos).
O projeto foi apresentado como uma ferramenta que vai tratar das questões raciais vivenciadas nas unidades de ensino. O grupo formado por aproximadamente 25 mulheres trouxe para o debate situações cotidianas apresentadas pelas crianças e pelos adolescentes atendidos. As educadoras agora receberão informação e subsídios para fortalecer e dar maior segurança no momento de necessidade de intervenção nos fatos ocorridos, como por exemplo, situações em que as crianças trazem falas preconceituosas, principalmente, reproduzindo atitudes racistas e machistas.
Para a conselheira tutelar Cris Medeiros, “o combate ao racismo, machismo, homofobia, capacitismo, é uma luta muito desigual, pois, as crianças enfrentam no seu dia a dia violências diversas que são naturalizadas e perpetuadas pela repetição no seu ambiente familiar e na convivência comunitária”.
O DNÁfrica – Arte, Território e Educação é realizado com recursos da Lei Complementar n° 195/2022, Lei Paulo Gustavo. As informações e a programação do projeto podem ser conferidas pelas redes sociais: @dnafrica_bonja.