Os moradores do Jardim Pantanal, em São Paulo (SP), entraram no sexto dia com pontos de alagamento, nesta quarta-feira (6). Em alguns lugares, como na rua Freguesia de São Romão, é possível transitar novamente. Em outros pontos, porém, a água ainda alcança a altura do joelho.
O bairro, que sofre com alagamentos desde a madrugada de sábado (1º), fica no extremo leste da cidade de São Paulo e ao redor do Rio Tietê, tem cerca de 45 mil pessoas e fica dentro do distrito do Jardim Helena, que no geral também foi atingido pelas enchentes, na subprefeitura de São Miguel Paulista.
“A situação está muito difícil e muita gente não tem para onde ir”, diz uma das moradoras do Jardim Pantanal e integrante do projeto Cozinha Solidária, Arlete Pescarolo.
David Martins, da coordenação do projeto Mãos Solidárias, está ajudando as famílias do local e também falou sobre o assunto. “Aqui tem pessoas caindo no córrego, risco de afogamento, riscos de doenças, e a única resposta da Prefeitura até o momento é dizer que não tem respostas”, disse.
De acordo com os moradores, a situação ficou tensa depois que a Guarda Civil Metropolitana jogou bombas de efeito moral e balas de borracha contra a população que protestava pela liberação do cartão de auxílio emergencial. A informação foi divulgada em nota pela bancada feminista do Psol na Câmara Municipal.
O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), saiu em defesa da GCM em entrevista à TV Globo. "De forma alguma [houve excesso], o que teve ali foi uma contenção para que as pessoas não invadissem a escola e causassem um mal maior ainda. Pessoas que estavam na escola ficaram assustadas, alguns se trancaram, porque, infelizmente, eles queriam invadir. A guarda, é logico, cumpriu o papel dela que é defender o patrimônio e a vida das pessoas", afirmou. Ele chegou a ir até o local, mas foi expulso pelos moradores. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) não teve agenda no local nesses dias.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que entregou 1.264 cartões de auxílios emergenciais desde sábado. Agora, “a Prefeitura ainda analisa 3.527 cadastros para saber se as pessoas estão ou não aptas a receber o cartão distribuído pela Secretaria de Habitação”.
A gestão de Ricardo Nunes (MDB) também informou que “em razão da presença de pessoas de bairros não atingidos e de diferentes pessoas que residem numa mesma casa, a Prefeitura decidiu que não fará novos cadastros nos pontos de atendimento”.
“A Defesa Civil, no entanto, está fazendo busca ativa nas ruas atingidas para eventualmente cadastrar novas famílias. A prefeitura informa também que continuará distribuindo refeições nos postos de atendimento (com café da manhã, almoço e jantar)”, finalizou a nota.