Genocídio

Trump diz que Faixa de Gaza 'será entregue aos EUA' por Israel ao fim dos combates

Presidente dos EUA afirmou que 'não seriam necessários soldados' estadunidenses em sua proposta para Gaza

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Na declaração desta quinta, em sua plataforma Truth Social, Trump afirmou que "não seriam necessários soldados" estadunidenses em sua proposta para Gaza - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (6) que "a Faixa de Gaza será entregue aos Estados Unidos por Israel ao fim dos combates" e os palestinos serão "reassentados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região".

A proposta lançada pelo republicano na terça-feira, de que Washington poderia "tomar o controle" deste território palestino, da qual não se tem detalhes ou prazos, provocou indignação imediata em todo o mundo e alertas sobre  "limpeza étnica" da população palestina.

Na declaração desta quinta, em sua plataforma Truth Social, Trump afirmou que "não seriam necessários soldados" estadunidenses em sua proposta para Gaza. "Não seriam necessários soldados americanos! A estabilidade na região reinaria!", declarou na mensagem.

Na quarta-feira (5), o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, ressaltou que obrigar populações a sair de um território ocupado é "estritamente proibido". 

"Qualquer transferência ou deportação forçada de pessoas de um território ocupado é estritamente proibida", disse Türk em um comunicado, lembrando que "o direito à autodeterminação é um princípio fundamental do direito internacional e deve ser protegido por todos os Estados". 

Durante visita à Casa Branca do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na terça-feira, Trump afirmou que ela não seria reconstruída para os palestinos.  “Ela não deveria passar por um processo de reconstrução e ocupação pelas mesmas pessoas que... viveram lá, morreram lá e tiveram uma existência miserável lá”, disse ele.

Em Washington, Netanyahu não descartou o retorno das hostilidades com o Hamas ou com seus outros inimigos na região, incluindo o Hezbollah do Líbano e o Irã. “Terminaremos a guerra vencendo a guerra”, disse Netanyahu, prometendo garantir o retorno de todos os reféns mantidos em Gaza. 

A proposta de interferência dos EUA na Faixa de Gaza também enfrenta forte resistência no Oriente Médio. Antes do anúncio de terça-feira, Trump já havia sugerido o deslocamento em massa de palestinos e citou o Egito e a Jordânia como possíveis destinos

Mas ambos os países árabes rejeitaram qualquer reassentamento da população de Gaza, com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, pedindo nesta quarta-feira uma rápida reconstrução “sem que os palestinos saiam”.  O Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, também se manifestou dizendo que deslocar os palestinos era algo que “nem nós, nem a região, podemos aceitar”. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta (5) o plano do governo estadunidense em assumir o controle da Faixa de Gaza

"Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. Então, não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: 'Nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza’. E os palestinos vão para onde?”, questionou Lula na manhã desta quarta-feira (5) em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais. 

“É uma coisa praticamente incompreensível para qualquer ser humano. As pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça. Cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz”, disse Lula.  

O presidente também voltou a classificar o massacre palestino como “genocídio”. "O que aconteceu em Gaza foi um genocídio, e eu sinceramente não sei se os Estados Unidos, que fazem parte de tudo isso, seriam o país para tentar cuidar de Gaza. Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído, para quem possam reconstruir suas casas, hospitais, escolas, e viver dignamente com respeito”, continuou o presidente brasileiro. 

*Com AFP

 

Edição: Leandro Melito