O governo chinês lamentou a decisão do governo panamenho de não renovar o Memorando de Entendimento da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR) com a China. A decisão ocorreu após a passagem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, pelo país centro-americano
O governo da República Popular da China também criticou o papel dos Estados Unidos na decisão: "A China se opõe firmemente à difamação e sabotagem dos EUA à cooperação do Cinturão e Rota por meio de pressão e coerção, e lamenta profundamente a decisão do Panamá de não renovar o Memorando de Entendimento sobre a Iniciativa Cinturão e Rota", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, em coletiva nesta nesta sexta-feira (8).
A ICR é uma iniciativa de cooperação econômica com a participação de mais de 150 países. Na América Latina e Caribe são 21 países que participam.
"Esperamos que o Panamá tenha em mente as relações bilaterais em geral e os interesses de longo prazo dos dois povos, fique longe de interferência externa e tome a decisão certa", disse o porta-voz.
“Estados Unidos, por favor aprendam a respeitar”, escreveu o embaixador da China no Panamá, Xu Xueyuan, em uma coluna publicada no jornal panamenho La Estrella.
“A China nunca trouxe medo ao Panamá, mas sim igualdade, respeito e benefício mútuo”, escreveu Xu, referindo-se aos projectos de infra-estruturas e à abertura dos mercados chineses para os produtos agrícolas panamenhos.
Cerca de 40 empresas chinesas operam no Panamá, em setores como finanças, telecomunicações e logística, muitas delas na Zona Franca de Colón. A China é o segundo país que mais utiliza o canal, representando 21,4% da carga que passa pela via.
Em 2016, o Grupo Landbridge Group da China ganhou a licitação para administrar o porto de Margarita, no lado atlântico do canal. O grupo chinês teria investido cerca de 1 bilhão de dólares para a expansão do porto.
Já a empresa Shanghai Gorgeous investiu 900 milhões de dólares na construção de uma usina elétrica a gás natural para o fornecimento de 350 MW de eletricidade no sistema elétrico panamenho durante 15 anos.
“Se os Estados Unidos querem criar uma ‘era de ouro’ para as Américas, devem primeiro respeitar os outros países e perguntar ao povo da América Latina que tipo de era querem”, disse o embaixador chinês no artigo.
Primeira tarefa de Marco Rubio
Cinco países da América Central fizeram parte da primeira viagem internacional do novo Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio: El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Panamá e República Dominicana.
Após a visita de Rubio, o presidente panamenho José Raúl Mulino instruiu diplomatas na embaixada do país centro-americano em Pequim a apresentarem a notificação necessária de 90 dias para decidir não renovar o acordo de participação na Iniciativa do Cinturão e Rota.
O Panamá foi o primeiro país latino-americano a se somar a esse projeto, em 2017, após deixar de ter relações diplomáticas com a ilha de Taiwan. A ideia de causar discórdia e frustrar as relações da China com o país centro-americano não chegou com Trump.
Em 2022, a chefe do Comando Sul dos EUA, Laura Richardson, disse no Senado de seu país que os projetos chineses nesse país e na região são uma das principais preocupações do Comando Sul, uma organização militar de ingerência dos EUA na região da América Latina e Caribe.
“Temos muito caminho a percorrer com o governo do Panamá no investimento em projetos importantes como Pequim fez”, teria dito Richardson na ocasião.
*Com informações da CGTN e Global Times.
Edição: Rodrigo Durão Coelho