Estudo comparativo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilado pelo economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que a inflação de alimentos e bebidas foi mais alta durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro do que nos dois primeiros anos da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além da maior alta nos preços, o poder de compra da população também foi menor no período, segundo os especialistas.
No período Bolsonaro, a inflação acumulada foi de 27%. Além disso, alimentos e bebidas atingiram 56% nas casas e 25% fora do domicílio. Já nos dois anos de governo Lula, o acumulado é de 9,67% e a alimentação fora do domicílio ficou em apenas 12%. Os dados comparativos ainda mostram que no período Bolsonaro os reajustes dos alimentos ficaram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) enquanto que com Lula estão abaixo.
Alimentos estavam mais caros no período Bolsonaro. / Foto: Reprodução/ IBGE
O economista Sandro Silva lembra que, com Bolsonaro, além dos alimentos subirem mais, o poder de compra da população foi menor. Enquanto que com Lula houve ganho real. “Tem a questão do rendimento médio real dos ocupados, efetivamente recebido no trabalho principal, que aumentou apenas 0,48% no governo Bolsonaro, passou de R$ 3.100 no quarto trimestre de 2018 para R$ 3.115 no quarto trimestre de 2022. Já no Governo Lula, em apenas dois anos o aumento real foi de 7,42%, para R$ 3.346 no quarto trimestre de 2024”, esclarece.
Em 2020 foi registrada a maior inflação de alimentos nos últimos seis anos. / Foto: Reprodução/ IBGE
Bolsonaristas saem perdendo na comparação
Outro economista, Luis Moura, chama atenção para o fato de as pessoas não terem saudades do governo Bolsonaro quando o assunto é alimentos e bebidas. “O que chama atenção é que durante o governo Bolsonaro, a inflação dos alimentos (46%) foi quase o dobro da inflação geral (27%). Isso significa que os preços dos alimentos subiram de forma muito mais acentuada que outros itens da economia, afetando especialmente as famílias mais pobres, que gastam uma proporção maior de sua renda com alimentação”, diz.
Por outro lado, prossegue o especialista, no período mais recente, observa-se um maior controle da inflação dos alimentos, que inclusive ficou abaixo da inflação geral (8,80% contra 9,67%). "Isso demonstra uma gestão mais efetiva no controle dos preços dos alimentos básicos", diz ele.
“Os dados não sustentam o argumento de que os alimentos estavam mais baratos no governo anterior, pelo contrário, mostram um período de forte pressão inflacionária sobre os alimentos, com aumentos expressivos que impactaram significativamente o orçamento das famílias brasileiras, especialmente as mais vulneráveis”, conclui.
Dados dos alimentos
Durante o governo Bolsonaro (2019-2022):
– A inflação geral (IPCA) acumulada foi de 26,94%
– A inflação de Alimentação e Bebidas alcançou 46,24%
– Especificamente para alimentação no domicílio, chegou a 56,16%
No período Lula (2023-2024):
– A inflação geral (IPCA) acumulada foi de 9,67%
– A inflação de Alimentação e Bebidas ficou em 8,80%
– Para alimentação no domicílio, registrou 7,67%