O segundo voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos após o início do segundo governo de Donald Trump pousou no Aeroporto de Fortaleza (CE) nesta sexta-feira (7), às 16h06. Os repatriados foram recebidos pelos governos federal e estaduais no Ceará e em Minas Gerais, com equipes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Segundo Mitchelle Benevides Meira, secretária da diversidade do Ceará, cujo governo estadual também auxiliou no contato com as famílias, os brasileiros deportados foram transportados algemados e não tiveram acesso à alimentação.
"Teve pessoas que ficaram 12 horas sem comer, mas foram todos acolhidos, alimentados e passaram por tratamento hospitalar", declarou Meira em coletiva de imprensa após o avião pousar no país.
Socorro França, secretária de direitos humanos do Ceará, disse que os passageiros viajaram algemados nas mãos e nos pés, e que o objeto só foi retirado no momento do pouso no Brasil.
O avião trouxe 111 brasileiros. Do total, 71% dos deportados (79 pessoas) têm entre 21 e 40 anos. Oito eram crianças de até 10 anos. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a maioria dos jovens adultos do sexo masculino viajavam desacompanhados. Apenas 26 são mulheres, das quais 12 estavam desacompanhadas.
Desde o início do novo governo de Donald Trump, este é o segundo avião enviado pelos EUA com imigrantes brasileiros deportados. Em 10 de janeiro, ainda no governo de Joe Biden, um outro avião já havia pousado no Brasil com imigrantes deportados.
Viagem seguiu para Confins
O primeiro voo foi marcado por denúncias do Itamaraty pelo tratamento 'degradante' recebido pelos deportados por parte dos EUA durante a viagem. Os brasileiros aterrissaram algemados durante uma conexão em Manaus (AM).
Após o incidente, foi acordado que o próximo avião pousaria em Fortaleza. A decisão teria como objetivo reduzir o tempo em que os brasileiros passariam algemados no voo.
O avião que pousou na capital do Ceará veio de Alexandria, no estado norte-americano de Louisiana, e fez uma escala técnica em Porto Rico.Do total, 88 seguiram no voo para Confins, em Belo Horizonte (MG).
“Eles estão saindo daqui sabendo que estão sendo repatriados e com o governo totalmente disposto a recebê-los da melhor forma", pontuou a secretária Mitchelle Benevides Meira antes do avião embarcar para Minas Gerais.
Governo promete processo mais humanizado
Funcionários do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), sob liderança da ministra Macaé Evaristo, receberam os deportados. "É muito importante, quem puder, conversar com a nossa equipe para trazer algumas informações que nos ajudem nessa negociação para melhorar a condição de voo dessas pessoas que estão voltando para o Brasil”, disse a ministra durante recepção em Confins. “Aos poucos, a gente vai conseguir fazer com que esse processo seja menos doloroso e mais humanizado. Essa é a nossa tarefa, estamos aqui para isso, então contem com a gente.”
A sala de autoridades do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, foi transformada em Posto de Acolhimento aos Repatriados. A estrutura também inclui acesso à água, alimentação, pontos de energia, internet e banheiro.
No local, foram disponibilizados canais para que os repatriados possam entrar em contato com familiares e obter orientações sobre serviços públicos de saúde, assistência social e trabalho, regularização vacinal e matrícula na rede de ensino.
Segundo Ana Maria Gomes Raietparvar, da Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos das Pessoas Migrantes, Refugiadas e Apátridas, a recepção dos repatriados deixou os brasileiros aliviados já na primeira parada em Fortaleza.
“O atendimento foi muito bom, considerando que foi a primeira vez em que o Ceará recebeu repatriados. Tivemos um apoio enorme, fizemos um acolhimento humanitário, e as pessoas, quando viam a gente, ficavam aliviadas. Alguns chegaram envergonhados, mas, quando viram como seria a recepção, relaxaram bastante”, afirmou.
*Com informações da Agência Brasil
Edição: Martina Medina
