O guarda municipal Marcelo Arruda, de 50 anos, foi morto durante sua festa de aniversário em um clube, em Foz do Iguaçu. O episódio ocorreu em 09 de julho de 2022. Nos dias 11 e 12 de fevereiro, acontecerá o Juri Popular, em Curitiba, que irá julgar o réu, o policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que teria invadido a festa armado e disparado contra Arruda, que era conhecido por seu trabalho na segurança pública e por sua militância política.
O júri popular de Guaranho ocorrerá em Curitiba após a Justiça atender ao pedido de desaforamento feito pela defesa do réu, Guaranho, que alegou que a realização do julgamento em Foz possibilitaria o risco de parcialidade dos jurados. O julgamento ocorrerá após três adiamentos.
O assassinato que foi registrado por câmeras no local também foi presenciado por amigos e a família de Marcelo Arruda que pedem por justiça. Pamela Silva, esposa de Marcelo, diz que apesar de medo que ainda sentem, ela e os filhos, para voltar a ter uma vida normal, querem que o julgamento traga justiça.
Rede de solidariedade
Em sua participação no Programa Quarta Sindical, Pamela falou sobre a perda trágica, a longa espera por justiça e a rede de solidariedade que se formou.
“É uma caminhada longa, mais de dois anos. Em resumo eu digo que nesta tragédia a gente só perdeu quando o Márcio morreu, perdi família, o pai dos meus filhos, o sindicato perdeu um dirigente atuante, a guarda municipal perdeu um funcionário de 28 anos. Mas, neste caminho também fomos conhecendo pessoas da sociedade civil, os advogados construímos rede de amizade e solidariedade,” diz.
Justiça
“Tem sido um processo longo e doloroso pra nós, familiares. A gente pensou que este julgamento, até pelas provas estarem nos autos, aconteceria há dois anos atrás, mas infelizmente tem os meandros da justiça. E, aí ficamos muito indignados quando colocaram o assassino em prisão domiciliar. Ele está em casa com a família, oportunidade esta que o Marcelo nunca mais terá, nunca mais estará em casa,” diz a esposa de Marcelo.
Sobre a expectativa em relação ao julgamento, Pamela diz que é importante do ponto de vista pessoal e político. “Quando tudo aquilo aconteceu a gente ficou se perguntando o porquê daquela pessoa surgir com ofensas e tiros. A gente em uma festa e aniversário e só depois que entendemos a motivação política, por causa de um bolo e a decoração,” relata Pamela. Por isso, diz ela, “é importante que se configure como crime político para que ninguém mais tenha medo, pois nossa família quase não sai mais de casa. Nunca mais voltamos à vida normal, queremos justiça,” conclui.
O advogado que acompanha o caso, Daniel Godoy, diz que o Júri Popular deve receber destaque e ser divulgado porque é preciso dar uma resposta a grupos políticos que incentivam este tipo de violência política.
“Quanto ao peso social deste julgamento ele é evidente em face de uma sociedade atual que é estimulada por grupos políticos a agir de forma violenta com quem pensa diferente. Temos visto outros casos semelhantes e é preciso que a justiça seja cobrada para que estes crimes sejam condenados, como, por exemplo, a tentativa de golpe em 08 de janeiro e até de assassinato do presidente e outras autoridades, “diz Godoy.
Júri
O júri deve começar às 10h desta terça-feira (11), no Tribunal do Júri de Curitiba, com a escolha dos jurados, podendo se estender até quinta-feira (13).