Os equatorianos foram às urnas no último domingo (9) para o primeiro turno da eleição presidencial. O atual presidente de extrema direita, o ultraliberal Daniel Noboa, vai disputar o segundo turno com Luisa González, candidata de esquerda da corrente política do ex-mandatário Rafael Correa. Noboa ficou com 44,3% dos votos, enquanto González terminou com 43,8% do eleitorado equatoriano, com uma diferença absoluta de menos de 50 mil votos.
Noboa foi eleito em outubro de 2023, em eleições antecipadas no país, para substituir seu antecessor, Guillermo Lasso, em meio a um processo de impeachment. O processo daquele ano foi marcado por violência política, com morte de um dos candidatos à Presidência. O segundo turno será em 13 de abril.
Para Barbara Neves, professora de Relações Internacionais da Universidade Positivo e coordenadora do Observatório de Regionalismo, "é uma situação bastante complexa, [porque] o segundo turno entre Noboa e González representa uma insatisfação popular".
Segundo Neves, esse descontentamento político tem relação não apenas "com a violência que tem crescido na última década no Equador, mas também pela percepção [popular] de má gestão em relação ao que o Noboa havia prometido quando foi eleito".
A analista explica que, nos últimos anos, o Equador passou por uma grave questão social relacionada ao narcotráfico, que ampliou drasticamente a crise de segurança no país.
"Quando o Noboa assumiu, ele trouxe o Estado de exceção para agir sobre essa situação. Mas isso trouxe vários desgostos, como a violência policial, a utilização das Forças Armadas. E isso diante de outras questões que o Equador já passa, como a crise financeira e energética."
A professora também pontuou que Luísa González "traz soluções diferentes, e também tenta resgatar um passado que foi mais positivo para o Equador nos anos 2000".
Propostas dos candidatos
Em entrevista para o Central do Brasil, a coordenadora do Observatório de Regionalismo destacou algumas propostas de Luisa González. "Ela coloca em pauta a restituição do Ministério da Segurança e o Ministério Justiça, que foram destruídos durante os últimos governos. Assim como os direitos humanos, por meio de outros ministérios".
Barbara também pontuou a proposta de reestabelecimento do controle estatal da produção energética no Equador, que é um dos problemas enfrentados pelo país, com apagões de até 14 horas seguidas. "Ela tem [uma proposta] no âmbito da transição energética mais sustentável, com projetos de energia solar e eólica", acrescentou.
"[González] também pretende recuperar a gestão pública de uma dessas hidrelétricas, que foram privatizadas nos últimos anos. E, também, tentar circular essa dependência na economia petrolífera, que ela chama de pós-petroleira."
"Vale a pena comparar as propostas [de González] com as de Noboa", aconselhou Neves. "Noboa, diferentemente da Luísa, fala de uma transição energética, mas ele não fala como ele vai fazer. Apenas fala que é necessário [fazê-la], com projetos de mais sustentabilidade, etc".
Sobre a proposta econômica de Noboa, a professora disse que "é muito complexa, porque ele promete um desenvolvimento econômico, mas acabou de firmar um acordo de financiamento pelo FMI, que a gente sabe que impõe inúmeros constrangimentos à capacidade estatal dos países latino-americanos."
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