A onda de calor no Rio Grande do Sul deve persistir até esta quarta-feira (12), com possibilidade de novos recordes de temperatura. Ao mesmo tempo, na quarta, antes da frente fria se aproximar do Sul, uma onda de calor deve atingir estados das regiões Nordeste e Sudeste. A sensação térmica em algumas localidades pode ultrapassar os 50 °C, segundo previsão do site de Meteorologia MetSul.
A previsão preocupa, já que os extremos climáticos impactam diretamente o cotidiano dos cidadãos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o retorno das aulas nas escolas estaduais, que seria na segunda-feira (10), foi adiado em uma semana. Isso porque muitas escolas não possuem a infraestrutura necessária para encarar o calor atípico que tem feito neste verão, como explica Bruna Pavani, pesquisadora sênior no Instituto Internacional para Sustentabilidade. Ela conversou com o jornal Central do Brasil e declarou que cada vez mais será necessário adaptar a rotina por causa das mudanças climáticas.
"Esse caso de suspensão de aulas da rede pública de ensino não era uma situação comum, mas, em 2022, a gente teve alguns casos pontuais de alguns municípios fazerem essa suspensão de aulas. E, no final de 2023, a gente teve uma onda de calor muito grande que afetou boa parte do Brasil e também aconteceram diversas paralisações. Além de paralisações, também houve casos de encerrarem as aulas mais cedo - era uma prática comum para as crianças não ficarem tanto tempo expostas a alto calor. As nossas salas de aula, a maioria delas não comportam ar-condicionado e outros sistemas de refrigeração que poderiam auxiliar, sim, numa infraestrutura para se adequar ao novo normal de hoje que temos", explica.
Mais de 400 cidades gaúchas estão em alerta de grande perigo, de acordo com previsão do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet). Segundo o órgão, o calorão traz "riscos para a integridade física ou mesmo à vida", principalmente de crianças e idosos. A pesquisadora explica que o maior calor está relacionado ao aumento da temperatura média global, provocada pelo aquecimento global.
"Entre 1850 e 1900, a gente tinha uma temperatura média do ar na superfície terrestre e hoje a gente tem 1,5 °C acima dessa temperatura, que a gente fala [que é do] período pós-industrial. E isso vem aumentando a cada dia. Então de todas essas medições de temperatura desde 1850, os dez anos mais quentes foram os últimos dez anos."
Pavani ainda lista outras medidas imediatas para lidar com os impactos, mas destaca que também são fundamentais ações de prevenção para que a temperatura não suba ainda mais. "A gente tem que tomar diversas medidas que estão relacionadas ao cuidado das pessoas, considerando que esse é um novo normal. Então, por exemplo, ter mais locais de acesso à água gratuita, ter locais de sombra, principalmente perto do ponto de espera de transporte público, ter também ar-condicionado, infraestrutura de resfriamento dentro de transporte público, dentro dessas áreas escolares e outros locais públicos. São diversas ações que a gente pode tomar para tentar mitigar esses efeitos das mudanças climáticas", defende.
"Mas o principal de todos é a gente não deixar essa temperatura aumentar muito, porque, conforme a gente vai deixando essa temperatura aumentar a cada ano, mais difícil vai ser para a gente combater esse efeito do aumento da temperatura global."
A pesquisadora comentou ainda o Acordo de Paris que trata sobre as mudanças climáticas, mas relatou que as metas estabelecidas não são suficientes para conter o aquecimento.
A entrevista completa está disponível na edição desta terça-feira (11) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina
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