Israel ameaçou, nesta terça-feira (11), o Hamas com "intensos combates" na Faixa de Gaza e com o fim do cessar-fogo, caso o movimento islamista não liberte até o próximo sábado os prisioneiros que ainda estão mantidos em cativeiro no território palestino.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia ameaçado, na segunda-feira, provocar um "inferno" em Gaza se os reféns israelenses não forem libertados até sábado, como estabelece o acordo de trégua que está em vigor desde 19 de janeiro.
"Trump deve lembrar que há um acordo [de trégua] que ambas as partes devem respeitar, e que essa é a única forma de fazer com que os prisioneiros retornem", declarou Sami Abu Zuhri, um dos líderes do Hamas. "A linguagem das ameaças não tem nenhum valor e complica ainda mais as coisas", enfatizou.
O Hamas, no poder em Gaza desde 2007, anunciou na segunda-feira o adiamento por tempo indeterminado da próxima libertação de reféns, depois de acusar Israel de violar o cessar-fogo, mediado pelo Catar, com a ajuda dos Estados Unidos e do Egito.
Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou com a retomada de "combates intensos".
"Se o Hamas não libertar nossos reféns até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará e [o Exército israelense] retomará os intensos combates até que o Hamas seja derrotado definitivamente", disse Netanyahu em um comunicado. O premiê não especificou, no entanto, se estava se referindo a todos os prisioneiros mantidos em Gaza ou ao pequeno grupo que deveria ser libertado no sábado como parte do acordo de cessar-fogo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a libertação dos prisioneiros e que se evite "a todo custo que as hostilidades sejam retomadas em Gaza". A trégua interrompeu mais de quinze meses de genocídio na Faixa de Gaza – que matou mais de 48 mil palestinos – e permitiu cinco trocas de reféns, capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, por prisioneiros palestinos detidos em Israel. Dos 251 prisioneiros israelenses capturados em 2023, 73 ainda estão em poder do grupo.
Após o anúncio do Hamas de adiar a próxima operação de libertação de reféns, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou ao Exército que se prepare "para qualquer cenário".
O acordo de trégua também foi abalado pela proposta de Trump de assumir o controle do território palestino e deslocar seus mais de dois milhões de habitantes para países como Jordânia e Egito em um movimento denunciado internacionalmente como limpeza étnica.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, pediu a reconstrução de Gaza "sem deslocar os palestinos", depois que Trump ameaçou interromper a ajuda ao Egito e à Jordânia caso os países se recusem a receber os habitantes de Gaza. O rei Abdullah II da Jordânia se reuniu com o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, e com Trump, na Casa Branca, nesta terça-feira, e disse que seu país está disposto a acolher cerca de 2 mil crianças doentes de Gaza.
A trégua permitiu até o momento a libertação de 21 reféns, incluindo 16 israelenses, em troca de mais de 700 prisioneiros palestinos detidos em Israel.
No total, 33 reféns israelenses devem ser libertados na primeira fase desta trégua, que termina em 1º de março.
A segunda fase da trégua deve resultar na libertação de todos os reféns e no fim definitivo da guerra, antes de uma etapa final dedicada à reconstrução de Gaza. Mas as negociações sobre a segunda fase ainda não começaram.
*Com AFP