A falta de banheiros para cobradores de estações-tubo em Curitiba é um problema antigo e ainda sem solução. Atualmente, muitos profissionais passam longas horas sem acesso adequado a sanitários, dependendo da boa vontade de estabelecimentos comerciais ou enfrentando dificuldades para encontrar alternativas próximas. A situação se agrava em locais onde há poucos comércios, tornando inviável o uso de banheiros durante o curto intervalo de trabalho.
Com a substituição dos cobradores nos ônibus pela bilhetagem eletrônica, parte da categoria foi transferida para as estações-tubo. Enquanto os que trabalhavam dentro dos veículos tinham acesso aos sanitários dos terminais, aqueles que atuam nas estações seguem sem estrutura mínima para atender às necessidades básicas.
Em alguns pontos, como a estação-tubo da Praça Carlos Gomes, há um banheiro administrativo compartilhado com funcionários da prefeitura. No entanto, em muitas outras regiões da cidade, os cobradores ficam desamparados.
Pressão por soluções
Desde 2009, a instalação de banheiros nas estações-tubo é tema de propostas na Câmara Municipal. A Urbanização de Curitiba (Urbs) já respondeu a sugestões anteriores afirmando que realizava estudos técnicos para instalar sanitários próximos às estações. Em nota recente, a empresa afirmou que os cobradores têm intervalos de 10 a 15 minutos para utilizar banheiros disponíveis em comércios e equipamentos urbanos, como Ruas da Cidadania, postos da Guarda Municipal e distritos de manutenção regionais.
A Urbs também declarou que testou um banheiro móvel no fim de 2023 e avalia outras alternativas, como a instalação de sanitários fixos. Atualmente, apenas as estações da Linha Verde contam com banheiros exclusivos para os cobradores.
Projeto de lei propõe mudança
A reivindicação dos trabalhadores pode, enfim, sair do papel. A vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) protocolou um projeto de lei que obriga as concessionárias e permissionárias do transporte público a instalarem banheiros nas estações-tubo. A proposta, segundo a parlamentar, busca garantir um direito básico para motoristas e cobradores, que passam longas horas sem acesso a sanitários adequados.
"O custo da instalação desses banheiros já estava previsto na tarifa técnica há anos, mas as concessionárias nunca fizeram as adaptações necessárias", criticou Prates. Além disso, decisão da 14ª Vara do Trabalho de Curitiba já determinou que Urbs e Comec promovam adequações para garantir condições mínimas de trabalho, mas a medida ainda não foi cumprida.
O projeto prevê que os custos das obras sejam assumidos pelas empresas, sem impacto para os cofres públicos ou para a tarifa paga pelos usuários. A proposta tramita na Procuradoria da Câmara e será analisada pelas comissões antes de seguir para votação no Plenário. Se aprovada, a lei entra em vigor em até 90 dias após a publicação.
Além de garantir condições dignas de trabalho, a medida tem impacto na saúde pública, pois evita que trabalhadores recorram a espaços inadequados para suas necessidades fisiológicas. "Estamos falando de direitos humanos e dignidade. Não há justificativa para que empresas que lucram milhões mantenham seus funcionários em condições sub-humanas", concluiu a vereadora.