Nos últimos anos, o município de Petrópolis, na região serrana do Rio, foi palco de eventos climáticos extremos que deixaram um lastro de morte, destruição e dor. Dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022, apontam que 72.070 mil pessoas vivem expostas em área de risco a inundações, enxurradas e deslizamentos na cidade.
Por sua vez, o levantamento da plataforma Atlas Digital de Desastres no Brasil, ferramenta desenvolvida pela Defesa Civil Nacional em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que mapeia dados de desastres no país nos períodos de 1991 a 2023, aponta que o município de Petrópolis lidera com o maior número de óbitos por desastres no país. Ao todo, 512 pessoas morreram ao longo do período analisado.
Diante deste cenário e da urgência de medidas que reduzam os impactos das ações climáticas na vida das pessoas e da cidade, na próxima sexta-feira (14), o prefeito de Petrópolis, Hingo Hammes (PP), recebe a “Carta de Petrópolis”, uma iniciativa do Projeto Morte Zero, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ), a partir dos diálogos do “Pensar Petrópolis”.
A ação promoveu diálogos de participação voluntária, realizados na Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE) no segundo semestre de 2024 e reuniu atingidos, moradores, técnicos e servidores públicos num debate sobre necessidades coletivas mais urgentes para as comunidades e o território no contexto das mudanças climáticas. O resultado desses encontros é a “Carta de Petrópolis”.
“Ano após ano, Petrópolis permanece no patamar do ranking de mortes no país em razão dos desastres socioambientais e a Carta concretiza uma tomada de decisão coletiva no sentido de se empreender ações com o protagonismo daqueles que vivem nas áreas de risco, em reconhecimento à democracia participativa e na direção de uma sociedade consciente, proativa e parceira para um bem-viver na cidade, que se pretende mais saudável, segura e resiliente," explica Denise Tarin, procuradora de justiça do MP-RJ e idealizadora, em 2002, do Projeto Morte Zero, ao Brasil de Fato.
A Carta foi elaborada pelo comitê gestor do projeto “Pensar Petrópolis”, que teve como base os relatórios desenvolvidos pelos participantes dos diálogos. Ao todo, 38 instituições participaram da iniciativa. A entrega do documento ocorrerá nesta sexta-feira (14), a partir das 11h, na Casa dos Conselhos, localizada na Avenida Koeler, 260, no centro de Petrópolis.