“Nós não queremos que o nosso lixo seja jogado em Fazenda Rio Grande. O contrato encerrou e precisa ser totalmente revisto, incluindo os catadores e as catadoras de recicláveis”. A frase é da vereadora Vanda de Assis (PT), uma das proponentes da audiência pública “Gestão de Resíduos Sólidos e Licitação de Limpeza Urbana”. O encontro contou com as presenças das vereadoras Camilla Gonda (PSB), Laís Leão (PDT), Giorgia Prates (PT), Prof Ângela (PSOL) e dos deputados estadual Goura e federal Tadeu Veneri. Mais do que eles, contou com a participação de catadores de recicláveis e pessoas que pensam sobre o futuro do lixo e da reciclagem em Curitiba.
O contrato com a Estre Ambiental SA e a Prefeitura de Curitiba se encerrou e a discussão sobre a destinação do lixo da capital que é depositado em Fazenda Rio Grande vive um impasse. Recentemente, para ampliar a vida do local, o prefeito Eduardo Pimentel (PSD) encontrou como solução desmatar mais de 100 mil metros de Mata Atlântica. No entanto, a audiência pública mostrou que é necessário se pensar em outras alternativas. Principalmente a redução da geração de lixo e a possibilidade de reaproveitar o que é descartado pelos cidadãos. É aí que entram os catadores de recicláveis e as cooperativas.
“Os catadores são responsáveis por 90% da reciclagem no Brasil”, informaram os presentes. Para a vereadora Laís Leão, é um debate urgente que tem que ser feito por diversos entes da sociedade. “Se a gente ficar tomando soluções velhas, o problema vai continuar velho, vai continuar o mesmo, a gente vai ficar apagando fogo o tempo todo. Não é chatice, não é exagero, é urgência! Se a gente não fizer agora, não vai ter 2050 pra gente fazer”, disse ao incentivar a redução de lixo.
Já Camilla Gonda reforçou que “o trabalho dos catadores e catadoras é fundamental em nosso país e temos que dar a eles reconhecimento a partir do poder público. A gente está acompanhando e vamos trabalhar para valorizar essa categoria. Vamos ouvir antes de fazer”.
Para o deputado federal Tadeu Veneri, a produção e destinação do lixo não é discutida como política de estado. Já o deputado estadual Goura disse que “o lixo tem que estar na pauta de todos os cidadãos”. Ele reconheceu o trabalho dos recicladores e reforçou: “A gente tem que discutir o novo contrato para que a gente pare de gastar meio bilhão de reais para enterrar lixo”, comentou Goura, enaltecendo a presença de lideranças da Região Metropolitana.
Movimentos apontaram quais problemas enxergam na coleta em Curitiba e Região / Carlos Costa/CMC
Sociedade apontou problemas e propôs iniciativas
O debate contou com as participações de Sérgio Suzuki, do Ibama, Edélcio Reis, Diretor da Secretaria do Meio Ambiente. Este destacou que Curitiba tem avançado na gestão dos resíduos. Ele ainda comentou os impasses jurídicos na questão do meio ambiente. Outros convidados foram Gabriel Andrade, do Ekoa (UFPR), que falou do descarte do lixo, Carlos, do Movimento Nacional de Catadores, que defendeu a inclusão social dos profissionais, Lia Santos, da Catamare, que ressaltou o fato de as campanhas não estarem surtindo efeito junto à população.
Em sua intervenção, Flávia Sotto, do Coletivo Lixo Zero, destacou a necessidade de compostagem, Ana Clara (MTD), abordando como a cidade exporta seu lixo e a campanha “Fora Essencis”. Ainda participaram Paulo Bearzoti, do Movimento Por Moradia (MPM), que criticou as sucessivas renovações de contratos e a marginalização da população periférica. Já Rogério Horochovski, do Observatório de Justiça e Conservação destacou a necessidade de atenção com o Plano Diretor, Transporte e Resíduos. “É hora de agir”, destacou. Ele criticou o modelo curitibano atual. Ainda participou a representante de Itaipu, Suelita Rocker e, por fim, falou Verônica Rodrigues, do Coletivo SOS Arthur Bernardes. “Curitiba é referência em sustentabilidade porque a régua é muito curta. É preciso se comparar com locais em que a preservação é maior”, direciona Verônica.
Câmara terá frente para tratar do tema
Ao fim do evento, a vereadora Vanda de Assis, proponente da audiência, anunciou que nesta quinta protocolou o requerimento de criação da Frente Parlamentar em Defesa da Gestão Sustentável dos Resíduos Sólidos.
Conforme o pedido, o grupo terá o objetivo de acompanhar, fiscalizar e propor políticas públicas de redução, reutilização e reciclagem de resíduos, a valorização dos trabalhadores da coleta seletiva e a garantia de infraestrutura adequada para a gestão sustentável dos resíduos em Curitiba.
CONFIRA A ÍNTEGRA:
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