O Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas, em Sapé (PB), inaugurou nesta sexta-feira (14) a exposição Elizabeth Teixeira: 100 faces de uma mulher marcada para viver, celebrando a trajetória da histórica militante da reforma agrária.
A mostra percorre a vida da líder camponesa, desde suas origens, passando pelas batalhas políticas contra o latifúndio, o assassinato do marido – o também líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira -, e a resistência que a tornou um dos maiores símbolos da luta no campo.
A inauguração ocorreu logo após a Marcha da Memória Camponesa, que saiu da comunidade Barra das Antas e seguiu até o memorial, reunindo militantes, sindicalistas, estudantes e pesquisadores, na tarde desta sexta.
Carregando faixas e entoando palavras de ordem que marcaram a atuação das Ligas, como "Reforma agrária: na lei ou na marra", os participantes reforçaram a atualidade da luta que Elizabeth protagonizou. "Ela rompeu barreiras impostas às mulheres, assumindo um protagonismo impensável na época", destacou Alana Lima, presidenta do Memorial.
"Lembrar Elizabeth Teixeira é lembrar que uma mulher, sim, pode fazer a revolução", assegurou Maria Lins, da direção do Movimento Camponês Popular (MCP).
Entre os presentes, a neta de Elizabeth, Marta Teixeira, ficou emocionada ao relembrar o legado da avó e ao perceber como, hoje, ela é tão querida. "Eu tatuei a imagem da minha avó no braço que é para todo dia olhar para ela e saber que ela está aqui, para nunca esquecer e ter força para lutar", disse, acompanhada dos filhos.
Participantes da Marcha carregam faixas com frases que marcaram a atuação das Ligas Camponesas / Diego Rezende/@diegorezendopb
O evento também contou com falas de representantes de movimentos populares, que destacaram a importância da exposição para resgatar a memória do campesinato. "Trazer a história de Elizabeth é reescrever a nossa história", afirmou Eva Vima, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra da Paraíba (MST-PB).
"Para além de apresentar esta memória, que sempre foi tida como marginalizada, nós estamos colocando na centralidade como uma memória oficial. O campesinato tem memória, e essa memória foi rechaçada o tempo todo, inclusive pela estrutura do Estado", analisa Alane Lima, presidenta do memorial.
A programação do centenário segue neste sábado (15), com uma feira de produtos da reforma agrária e um ato político com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. A expectativa é que ele anuncie a desapropriação da Fazenda Antas, berço das Ligas Camponesas, além de medidas para o crédito rural e a restauração do memorial.