Na noite desta sexta-feira (14), a Livraria do Jardim, no Recife, sedia o evento de lançamento do livro Espanador não limpa poeira: memórias e aprendizados de uma empregada doméstica. A obra é assinada por Vera Lúcia da Silva, mulher negra de 62 anos, dos quais 50 foram dedicados ao trabalho nas casas de outras pessoas. O evento tem início às 18h e tem entrada gratuita, mediante cadastro antecipado na plataforma Sympla (clique aqui). A Livraria do Jardim fica na avenida Manoel Borba, nº 292, bairro da Boa Vista, centro do Recife.
O livro tem 96 páginas, com memórias desde a infância no Engenho Palma, em Sirinhaém (zona da mata sul de Pernambuco), o início no trabalho aos 12 anos, a mudança para o Recife aos 14 e dramas das privações alimentares, acidentes de trabalho, racismo e violências impostas a Vera por ex-patrões e familiares. Mas a obra também fala da resiliência, de superação, do trabalho doméstico e da luta para garantir dignidade para si e para suas três filhas. As histórias são acompanhadas de reflexões da autora sobre esses momentos. O livro é publicado pelo selo Mirada.
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O título Espanador não limpa poeira é uma referência à sua primeira experiência de trabalho doméstico, aos 12 anos, quando fora acusada de não limpar os móveis, por na verdade não estar utilizando o instrumento adequado para aquele trabalho. “É mais que uma lembrança, é uma metáfora para como sempre fomos tratadas: invisíveis e desvalorizadas”, avalia Vera Lúcia. O livro já está à venda ao preço de R$55, com pagamento via chave Pix ([email protected]).
O evento de lançamento terá uma mesa composta pela autora, Vera Lúcia; a coautora Wedna Galindo, psicóloga e professora da UFPE; a prefaciadora Kaliani Rocha; a coordenadora editorial Taciana Ferreira; e o jornalista Salatiel Cícero. A força feminina, a invisibilidade social de mulheres que trabalham no lar e a importância de conhecer e divulgar histórias como a de Vera Lúcia são assuntos que devem ser debatidos pelos presentes.
Vera e a professora Wedna Galindo se conheceram na UFPE, na década de 1990, quando a autora trabalhava na Biblioteca do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi notada pelo cuidado com que limpava os livros. A professora do departamento de Psicologia da instituição de ensino convenceu Vera a transformar as memórias em livro.
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