O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo urgente à comunidade internacional, para que as nações apoiem o Sudão. Desde 2023, o país vive uma crise humanitária de proporções catastróficas.
Durante a Cúpula da União Africana em Addis Ababa, capital da Etiópia, ele enfatizou a necessidade de "grande influência para o bem" no país e ajuda para conter a entrada de armas no território e os deslocamentos forçados do povo sudanês.
Guterres destacou a bravura de organizações populares lideradas por mulheres e socorristas locais, que representam a maior parte da ajuda humanitária prestada à população. Na próxima semana, a ONU lançará um plano humanitário de 6 bilhões de dólares para ajudar milhões de sudaneses que ainda estão no território e famílias refugiadas em países vizinhos.
::Confronto entre grupos paramilitares desloca milhares em Darfur do Norte, no Sudão::
Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, pediu maior atenção internacional, cobertura da mídia e ajuda para enfrentar a catástrofe no país africano. Ele afirmou que os conflitos no Sudão representam a "maior catástrofe humanitária" da atualidade. As declarações foram feitas na Conferência de Segurança de Munique, na sexta-feira (14).
Grandi alertou que mobilizar recursos essenciais é quase impossível sem visibilidade. Ele também enfatizou a necessidade de uma abordagem focada na paz para o território.
Além das fronteiras do Sudão, a crise tem gerado imensa pressão sobre os vizinhos Chade e Sudão do Sul, que precisam acomodar um fluxo crescente de refugiados. Segundo a ONU, mais de 3,5 milhões de pessoas fugiram do país e há ainda milhões de famílias deslocadas internamente.
Histórico
A guerra civil no Sudão começou em abril de 2023 e, desde então, o país vive um cotidiano de desnutrição, deslocamento massivo, insegurança e colapso econômico, político e social. A ONU estima que 30,4 milhões de pessoas precisam de assistência, o que representa mais de dois terços da população total.
Pelo menos metade dos sudaneses e sudanesas enfrentam insegurança alimentar aguda, e condições de fome foram confirmadas em Darfur do Norte e nas montanhas Nuba orientais. Mais de 18 mil pessoas foram mortas desde o início do conflito.
A Cúpula da União Africana segue até domingo e tem o Sudão como um dos principais temas de discussão.
No entanto, outros assuntos também são primordiais, incluindo a escalada do conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC), os cortes na ajuda humanitária dos Estados Unidos e as questões climáticas.
O encontro também aborda as questões de reparação por abusos da era colonial e danos pelo comércio transatlântico de escravos.