O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizou, nesta terça-feira (18), despreocupação com a possibilidade de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela tentativa de golpe de Estado em 2022. “Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero”, disse, em conversa com jornalistas durante visita ao Senado, onde se encontrou com parlamentares da oposição para tratar, dentre outras pautas, da articulação para garantir anistia para os golpistas do 8 de janeiro.
O ex-presidente e outras 39 pessoas da cúpula militar do então alto escalão do governo bolsonarista foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por uma suposta trama golpista cujo objetivo era impedir que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumisse o poder. A expectativa é de que a PGR faça a denúncia contra o ex-mandatário ainda nesta semana.
Sobre os responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro afirmou que acredita ter quantidade suficiente de votos na Câmara dos Deputados para aprovar o Projeto de Lei (PL) da Anistia. O PL tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
“Eu acho que na Câmara já tem quorum para aprovar a anistia”, declarou. “Há dez dias conversei com o [Gilberto] Kassab [presidente do PSD e secretário de Governo do estado de São Paulo], uma conversa reservada. Hoje, o que eu sinto, conversando com parlamentares como os do PSD, a maioria votaria favorável.”
Ele também fez menção positiva às recentes declarações do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), negando o intuito golpista por trás dos atos de terrorismo. A declaração gerou reação negativa entre políticos do campo progressista, resultando em uma campanha que pressiona Motta a arquivar a matéria. O objetivo é ampliar a lista de signatários de abaixo-assinado, que conta com 67,7 mil assinaturas.
O ex-presidente criticou a prisão de envolvidos na depredação do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) no 8 de janeiro, dando a entender que, se estivesse em Brasília na ocasião, teria tido o mesmo destino.
Eleições 2026
Outro alvo de críticas de Bolsonaro foi o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela decisão que o tornou inelegível em 2023. O ex-presidente insinuou haver um movimento para impedi-lo de disputar a eleição contra Lula no próximo ano. “Justifica me tornar inelegível por que eu me reuni com embaixadores? É negar a democracia não deixar eu disputar”, reclamou.
Em julho de 2022, durante encontro com embaixadores estrangeiros, Bolsonaro fez afirmações que desacreditaram o atual processo eleitoral brasileiro. O encontro, que ocorreu no Palácio do Planalto às vésperas das eleições em que foi derrotado, motivou sua inelegibilidade pela Justiça Eleitoral.
O ex-mandatário também defendeu o PL que reduz o período de inelegibilidade dos condenados pela Lei da Ficha Limpa de oito para dois anos, o que poderia permitir sua entrada na corrida presidencial já no próximo pleito.