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“A China trabalhará com o Brasil para (…) praticar o verdadeiro multilateralismo, garantir o papel central da ONU e defender os direitos e interesses legítimos dos países do Sul Global”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, ao responder o Brasil de Fato/TVT sobre se foram iniciados diálogos entre Brasil e China ou no Brics para enfrentar a onda de tarifaços iniciada pelo governo Trump nos Estados Unidos.
Ambos países viraram alvo da política de aplicação de tarifas que o novo governo dos Estados Unidos vem desenvolvendo. No caso da China foram aplicadas 10% de tarifas às importações de todos os produtos chineses. O Brasil deve ser afetado pelas tarifas de 25% ao todo aço e o alumínio que os EUA importarem. O presidente Lula afirmou que reagirá à taxação do aço por Trump. Na última sexta (14), Lula disse à Rádio Clube do Pará que o Brasil faria uma denúncia na OMC ou taxar produtos dos EUA.
O porta-voz da chancelaria chinesa, também afirmou que a “China apoia a presidência do BRICS do Brasil e avançará conjuntamente na maior cooperação do BRICS” e que “como dois grandes países do mundo e membros representativos no Sul Global, China e Brasil mantiveram nossa determinação estratégica e fizeram contribuições ativas para a paz global, estabilidade e desenvolvimento juntos em um mundo volátil e turbulento”.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, se encontrou com o assessor especial do presidente do Brasil, Celso Amorim, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha. Ambos expressaram disposição de fortalecer a comunicação e a coordenação, e aprofundar a cooperação dentro da estrutura do BRICS e entre a China e os países latino-americanos.
Mais tarifas para a China?
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Trump, anunciou que o governo estadunidense passará a implementar tarifas aos carros importados em 2 de abril. O mandatário não especificou quais países serão afetados por essas tarifas, mas durante a campanha Trump mencionou a China em uma notícia falsa, segundo a qual a China não construiu fábricas no México porque ele teria ameaçado impor tarifas de 200% apenas para carros chineses vindos do México.
Mais tarifas podem ser implementadas contra a China nos próximos meses, quando forem finalizadas as investigações feitas pelo Representante Comercial dos EUA sob a chamada Seção 301 da Lei de Comércio do país, que envolvem a China. Das dez que constam no site da entidade como em andamento, 4 são relacionadas à China (Indústria de Semicondutores; setores marítimo, logístico e de construção naval; fentanilo e “transferência de tecnologia).
Sobre isso o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China reiterou que o país “sempre acreditou que não há saída para o protecionismo e não há vencedores em guerras comerciais e guerras tarifárias”.
“Os EUA também devem perceber que o que a comunidade internacional precisa não são tarifas adicionais, mas resolver as respectivas preocupações por meio de consultas iguais com base no respeito mútuo”, manifestou Guo e concluiu afirmando que a China continuará tomando medidas necessárias para defender firmemente seus direitos e interesses legítimos.