Na noite de sábado (15), Wender Natan da Costa, 20 anos, e Kelvin Willian Vieira dos Santos, 16, foram mortos pela Polícia Militar do Paraná (PMPR) em Londrina, no norte do estado. Os jovens foram abordados pela PM em uma operação que, segundo as famílias, resultou em execução.
Durante protesto realizado na tarde de segunda-feira (17), moradores do Jardim Nossa Senhora da Paz, também conhecido como Favela da Bratac, se uniram para reivindicar justiça. "Não foi confronto, foi execução", repetiram os manifestantes.
A polícia afirmou em nota que os jovens estavam em um veículo associado a furtos em residências e teriam reagido armados durante a abordagem, o que teria justificado a ação. A PM afirmou também que irá apurar as circunstâncias da abordagem que resultou na morte dos dois jovens por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM).
Porém, as famílias contestam a versão. De acordo com os relatos, Wender e Kelvin estavam trabalhando em um lava-jato e usaram um dos carros do estabelecimento para buscar bebidas em uma conveniência nas proximidades. Eles teriam descido do veículo de mãos levantadas e, mesmo assim, foram atingidos por diversos tiros.
A mãe de Kelvin, Cirlene, falou ao microfone durante o protesto e reafirmou que o filho não estava envolvido com o crime. “Tanto tiro que eles levaram, tanto, tanto, que a gente não conseguia nem entrar no IML pra ver", lamentou, pedindo que as autoridades implementem câmeras nas fardas dos policiais, uma demanda antiga do grupo Justiça por Almas-Mães de Luto em Luta.
Vanessa, mãe de Wender, também contestou a versão policial. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ela relatou que o filho, estudante e trabalhador, não tinha envolvimento com a criminalidade. “Ele estava feliz com o primeiro emprego e nunca usou drogas”, afirmou.
Os protestos se espalharam por Londrina, com pelo menos três outros pontos de manifestação. Na noite de segunda-feira (17), os atos se intensificaram. Diversas pessoas depredaram dois ônibus e atearam fogo nos veículos, o que resultou na suspensão temporária do transporte urbano. A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) anunciou que o serviço foi restabelecido nesta terça-feira (18). A Polícia Militar reforçou a segurança durante a madrugada.
Até o momento, a versão da polícia não foi confirmada, e as investigações continuam. Moradores e manifestantes seguem exigindo respostas e responsabilização pelo que consideram um ato de violência policial.