Após o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciar que o acesso ao transporte público será gratuito aos domingos e feriados, o Movimento Passe Livre do Distrito Federal e Entorno (MPL-DFE) destaca que qualquer tarifa zero é uma vitória, mas chama atenção para a população não “celebrar migalhas”. Segundo o movimento, a medida, embora represente um avanço, não atende plenamente às necessidades da população e serve para beneficiar empresários do setor.
"Os governantes morderam a língua mais uma vez. Depois de atacar o passe livre estudantil em 2019, aumentar a passagem em 2020 e falar que Tarifa Zero era inviável, o Governador do Distrito Federal (Ibaneis Rocha) anunciou tarifa zero nos domingos e feriados", mostra nota divulgada na última sexta-feira (14). O MPL-DFE destaca que a medida foi adotada devido a crise no transporte coletivo que, segundo eles, é “terminal” e não será resolvida “sem mudança efetiva na forma de financiamento, gestão, operação, qualidade”.
A medida, anunciada na última quinta-feira (13), estabelece que o benefício entrará em fase de teste a partir de 1º de março. A ideia é que o metrô, ônibus, BRT e Zebrinhas passem a contar com a tarifa zero no domingo e feriados. Segundo o GDF, A medida tem como objetivo valorizar a população e fortalecer o comércio, a economia e o turismo do DF.
Segundo nota divulgada pelo MPL-DFE, o governo do DF está tentando "corromper a conquista para agradar alguma elite, fazer alguma tramoia, organizar alguma arapuca". "As planilhas e forma de calcular continuam péssimas, elitistas. A qualidade continuará uma merda. Querem aumentar o número de viagens num dia de ônibus vazio para, através da necessidade do povo, repassarem mais dinheiro para os empresários através de subsídios pagos por cada catraca girada", mostra.
A decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de liberar os ônibus e o metrô de graça aos domingos e feriados no Distrito Federal é um teste para possível criação da tarifa zero todos os dias da semana, segundo revelado pela coluna Grande Angular do jornal Metrópoles. Segundo a reportagem, o governador do DF informou que, neste primeiro momento, o objetivo principal é incentivar o comércio e o lazer no DF. Mas também apontou o desejo de testar como será a implementação da medida para checar se será possível estabelecer a tarifa zero todos os dias da semana.
A nota do MPL também critica o uso da tarifa zero como "trampolim eleitoral" e defende que o transporte público gratuito deve ser universal, operado de forma pública e com gestão popular. "A tarifa zero é conquista de quem lutou por ela e construiu essa realidade. Com todas as contradições, fomos nós que fizemos com que a Tarifa Zero passasse de impossível a incontornável", pontua o MPL-DF.
"Qualquer Tarifa Zero é melhor que nenhuma, mas não estamos aqui pra celebrar migalhas. Nossos inimigos tentam cooptar essa pauta porque a temem. Sabem que a Tarifa Zero como queremos é um instrumento de organização popular, de combate às opressões desta sociedade racista, capitalista e patriarcal", mostra nota.
A implementação da tarifa zero no DF começará no domingo de carnaval e seguirá nos feriados até a quarta-feira de cinzas. O MPL-DF ironiza a coincidência e vê na medida um reflexo da pressão popular. "Eles, que sempre foram contra a mobilidade, a cultura e a economia popular, tiveram que ceder justamente no auge da festa popular", conclui o comunicado.
Responsável pelo Sistema de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal (STPC-DF), a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) ainda vai divulgar as regras para o acesso gratuito aos domingos e feriados na próxima semana. A pasta estima que, em um ano, a arrecadação com as viagens feitas aos domingos e feriados chegue a R$ 30 milhões, valor que o GDF vai deixar de receber com a gratuidade das passagens, mas vai ganhar em outras áreas com a maior movimentação de pessoas em diferentes regiões.
Leia a nota do MPL-DFE na íntegra:
Os governantes morderam a língua mais uma vez. Depois de atacar o passe livre estudantil em 2019, aumentar a passagem em 2020 e falar que Tarifa Zero era inviável, o Governador do Distrito Federal (Ibaneis Rocha) anunciou tarifa zero nos domingos e feriados. Palmas para ele que foi feito de bobo mais uma vez! Blééé
Eles eram contra, falavam que era impossível, que não existe almoço grátis. Que éramos de uma utopia irresponsável. Mas a realidade, aquela que construímos e anunciamos com nossos corações, se impôs aos reacionários, segregadores e playboys. Mesmo a contragosto, estão implementando a tarifa zero. Dizem eles que será só um dia da semana, pois é um "teste" para ampliar até a tarifa zero universal.
Eles estão fazendo isso pelo motivo que já anunciamos há décadas: a crise do transporte coletivo é terminal e não será resolvida sem mudança efetiva na forma de financiamento, gestão, operação, qualidade. Do jeito que está hoje, o transporte só serve para os muito ricos enriquecerem com o dinheiro da parcela mais pobre.
O problema é que o Ibaneis e sua turma acreditam que o transporte ainda deve enriquecer os empresários.
O GDF está tentando como sempre corromper nossa conquista para agradar alguma elite, fazer alguma tramoia, organizar alguma arapuca. As planilhas e forma de calcular continuam péssimas, elitistas. A qualidade continuará uma merda. Querem aumentar o número de viagens num dia de ônibus vazio para, através da necessidade do povo, repassarem mais dinheiro para os empresários através de subsídios pagos por cada catraca girada.
Além disso, como de costume, O Estado cedeu à pauta da tarifa zero, mas quer fazer dela trampolim eleitoral. Todo mundo sabe quem sempre defendeu a medida mesmo antes dela ser modinha. Todo mundo sabe quem enfrentou a repressão de várias gestões GDF (e, na atual, nao foi diferente) pra conquistar a gratuidade. A tarifa zero é conquista de quem lutou por ela e construiu essa realidade. Com todas as contradições, fomos nós quem fizemos com que a Tarifa Zero passasse de impossível a incontornável.
Para conquistarmos definitivamente a Tarifa Zero em todos os dias da semana, para o DF e entorno, com qualidade do serviço, operação pública e gestão popular, teremos que seguir em luta. Dobramos os poderosos mais uma vez, mas ainda não dobramos completamente. Por isso convocamos todas as organizações para plenárias, atos e ações que faremos daqui para frente para ampliarmos a conquista.
Sabemos bem que não lutamos sós. A Tarifa Zero é fruto de décadas de lutas nas cidades brasileiras. Estamos em meio à batalha para a conquista do transporte como direito. Ao mesmo tempo que centenas de cidades adotam a tarifa zero, vária outra tem aumentado as tarifas do transporte coletivo. Estamos em luta com movimentos de todo o país pela constituição de um Sistema Único de Mobilidade (SUM) – como proposto na PEC 25/2023 – que torne o transporte público, gratuito e de qualidade.
Qualquer Tarifa Zero é melhor que nenhuma, mas não estamos aqui para celebrar migalhas. Nossos inimigos tentam cooptar essa pauta porque a temem. Sabem que a Tarifa Zero como queremos é um instrumento de organização popular, de combate às opressões desta sociedade racista, capitalista e patriarcal.
Nossa tarifa zero é a de um transporte pago pelos ricos e controlado pelo povo. É por uma vida sem catracas, com liberdade e felicidade ampla. Nossos sonhos não cabem nas catracas deles. Nossa luta contínua e estamos só começando. A Tarifa Zero é incontornável.
Por fim, é curioso que a tarifa zero no DF começará justamente no domingo de carnaval, seguindo pelos feriados até a quarta-feira de cinzas. Conquistamos, aleatoriamente, tarifa zero para a folia. Eles, que são inimigos da mobilidade, da educação, da cultura e da economia popular, perderam para gente justamente no auge da festa popular.
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