O Brasil vai ingressar no fórum da Opep+, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta terça-feira (18). O grupo reúne aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
“O Brasil foi convidado a fazer parte da carta de cooperação. Hoje discutimos nossa entrada em três organismos internacionais: a Administração de Informação sobre Energia (EIA), a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena) e a Opep+. Iniciamos o processo de adesão a todos eles”, afirmou Silveira.
Integrantes da Opep+ colaboram na regulação da produção da Opep e políticas do setor. A Opep foi criada em 1960 e inclui os maiores produtores de petróleo do mundo, como a Arábia Saudita e a Venezuela.
A entrada do Brasil no grupo foi criticada por ambientalistas por representar a aposta na extração de combustíveis fósseis. Silveira rebateu as críticas, dizendo que “também sou ambientalista, talvez até mais do que eles”. “Quero entender o que está por trás desse discurso de que é uma contradição participar de um fórum que discute transição energética”, afirmou.
‘Retrocesso’
Entre os críticos, o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) se manifestou nesta terça dizendo que a entrada brasileira no grupo “mancha a reputação do Brasil na COP30”.
A entidade diz que o país, como sede do evento em Belém, deveria dar o exemplo em vez de investir em “caminhos que atrasam o desenvolvimento inteligente”.
“Investir em petróleo é atrasar o desenvolvimento nacional inteligente. Pior: é jogar tempo e dinheiro naquilo que vai nos matar. É uma surpresa negativa para todos os que confiam no Estado brasileiro para conduzir uma transição justa e para longe da exploração fóssil – necessárias se quisermos sobreviver nesta Terra”, diz André Guimarães, diretor executivo do IPAM.
O anúncio da entrada na Opep+ ocorre quando há pressão política para a realização de estudos sobre a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, tema polêmico que divide opiniões mesmo dentro do governo Lula.
“Há alternativas à exploração petroleira, inclusive já adotadas pelo Brasil. O país tem sua matriz energética majoritariamente renovável, na qual deve-se investir para que seja limpa de impactos socioambientais, além de buscar soluções para fonte de energia em biocombustíveis”, explica Guimarães.
O Ipam diz que a entrada na OPEP+ contradiz os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil e a busca pela liderança da agenda junto aos demais países na apresentação de maiores ambições para as metas climáticas nacionais, além de contradizer esforços em andamento nos planos estratégicos de clima, transformação ecológica e transição energética.
“O ano de 2024 foi marcado por eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, causando mortes evitáveis. Acontecimentos como estes só irão diminuir se as políticas nacionais e internacionais se voltarem para a energia limpa, para o desmatamento zero e para a agropecuária de baixo carbono”, afirma Silveira.