O anúncio da Procuradoria Geral da República (PGR) denunciando o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 32 por tentativa de golpe de estado produziu reações opostas no Paraná. Desde comemoração por parte da esquerda com “fogos de artifícios” nas redes até o silêncio total da falange bolsonarista nas redes e nas casas legislativas.
O presidente estadual do PT Paraná soltou “fogos nas redes lamentando” a denúncia. Arilson Chiorato se pronunciou na Assembleia Legislativa do Paraná em defesa da democracia e reforçou o valor das investigações.
“Acabou a farsa. Está tudo documentado. Ao contrário da Lava Jato, que não tinha provas, agora tem registros concretos”, afirmou o deputado. Ao todo, a PGR apontou 33 integrantes decisivos para a execução do plano de golpe de Estado”, disse o presidente do PT paranaense.
Por outro lado, no mesmo legislativo estadual a bancada bolsonarista se silenciou completamente na manhã seguinte à denúncia. No dia anterior, por exemplo, o deputado Delegado Tito Barichello (União), havia comparado os governos Lula e Bolsonaro no assunto “preço dos alimentos”. Hoje não fez nenhuma defesa.
Outra que se omitiu foi sua esposa, a Delegada Tathiana Guzella (União), que é vereadora em Curitiba. No legislativo municipal, quem defendeu Bolsonaro foi o vereador Bruno Secco, do Partido da Mulher Brasileira (PMB).
“Veio uma denúncia fajuta, sem pé, nem cabeça, e curiosamente no mesmo dia em que Lula despencou 20 pontos de popularidade. Uma denúncia no dia em que Bolsonaro venceria Lula nos dois turnos”, disse o vereador, sem mencionar que a pesquisa foi contratada pelo PL. O vereador finalizou: “esse país precisa de paz e não perseguição”.
A defesa foi contraposta pelos vereadores de oposição. A Professora Ângela (PSOL) exibiu o cartaz “prisão para os golpistas e sem anistia”. Esse cartaz tinha sido exibido na diplomação no fim do ano passado. Já Vanda de Assis (PT) destacou que houve “um ataque criminoso contra a democracia em nosso país". Aguardamos que a justiça seja feita. Ditadura nunca mais”.
Como era previsto, a discussão também ocorreu em Brasília. Em discurso pela liderança do governo, o deputado Rogério Correia (PT-MG) comemorou na tribuna afirmando que se tratava de um "dia feliz". A oposição no Congresso o vaiou.
Já a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, disse que “a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro, seu candidato a vice general Braga Netto, além de outros militares desonrados, seu ex-ministro da Justiça e outros cúmplices, é um passo fundamental na defesa da democracia e do estado de direito”.
Silêncio dos coniventes
Vozes importantes do bolsonarismo se calaram após a apresentação da denúncia da PGR ou tentaram descredibilizar o documento. Uma delas é o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins. Ele compartilhou post dizendo que a peça da PGR é muito fraca, se avaliada apenas juridicamente pelo STF (o que não ocorrerá), não se sustenta”. Para ele, “ninguém acredita na isenção da PGR e nem da corte julgadora. Nem nós e nem eles”.
Já as redes do governador Ratinho Junior (PSD) se silenciaram. O mesmo fez o ex-ministro de Bolsonaro e senador Sérgio Moro (União). Ele vinha defendendo anistia para as pessoas que depredaram a Praça dos Três Poderes.