A Eletronuclear decidiu prorrogar o transporte universitário por mais um semestre em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense. A decisão da estatal, nesta terça-feira (18), ocorre depois da repercussão da reportagem do Brasil de Fato que denunciou a interrupção do serviço na primeira semana de aulas.
Segundo a empresa, o mesmo quantitativo de ônibus será retomado ainda esta semana e sem custos. Anteriormente, o valor do serviço era dividido entre a Eletronuclear e os estudantes, que desembolsavam cerca de R$ 200 por mês.
Estudantes e movimentos sociais populares, como o Levante Popular da Juventude, organizaram um ato pelo retorno do serviço na Câmara Municipal de Angra, praça Nilo Peçanha, no dia 13 de fevereiro. Na ocasião, o mandato da deputada estadual Marina do MST (PT) também protocolou ofícios na casa legislativa e na Eletronuclear para reestabelecer o transporte.
Com a volta do serviço, Maria Gabriela Costa Richa, de 19 anos, e os demais estudantes impactados, têm mais tempo para se organizar até o próximo semestre. Ao Brasil de Fato, a estudante disse que ficou satisfeita com o resultado inicial da mobilização, mas a prefeitura ainda tem responsabilidade de apresentar uma alternativa.
"Vou poder voltar para casa e para o meu trabalho e os alunos que não estavam conseguindo vão poder finalmente assistir às aulas. Vamos poder nos preparar melhor para a falta do ônibus no próximo semestre. Vamos continuar nossa luta atrás do ônibus com a prefeitura já que todos estão cientes que daqui a um semestre ficaremos novamente sem. Eles [prefeitura] tinham pedido dois meses para talvez resolver o problema, e agora vão ter mais tempo", comentou Maria Gabriela.
Em nota, a Eletronuclear afirmou que levou em consideração o pedido do prefeito de Angra dos Reis, Cláudio Ferreti (MDB), e "o impacto imediato que a suspensão do serviço causaria aos estudantes, diante da impossibilidade de encontrar soluções a tempo do início das aulas".
A empresa esclareceu ainda que a concessão de ônibus universitários não faz parte dos compromissos socioambientais estabelecidas no processo de licenciamento da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) ou da usina de Angra 3.
Em obras desde a década de 1980, a construção de Angra 3 ficou parada em meio a crises econômicas, escândalos de corrupção e, por último, a Operação Lava Jato. A retomada das obras ainda é incerta, e a Eletronuclear passa por um momento de "fortes ajustes nos seus gastos, a fim de equilibrar suas despesas".
"A empresa reitera seu compromisso em contribuir para a região de forma sustentável e continuar buscando soluções que equilibrem suas necessidades operacionais com o desenvolvimento local", diz o texto.