O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou brevemente a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Lula ressaltou que não poderia falar sobre o processo em andamento, mas afirmou os acusados têm direito à ampla defesa e, caso provem inocência, contam com as garantias legais brasileiras de que não sofrerão nenhuma consequência.
“A única coisa que posso dizer é que, neste país – no tempo em que eu governo o Brasil – todas as pessoas têm a presunção da inocência. Se eles provarem que não tentaram dar um golpe, que não tentaram matar o presidente, o vice-presidente e o presidente do Supremo Tribunal Federal, eles ficarão livres e poderão transitar pelo Brasil inteiro. Se na hora que o juiz for julgar, ele chegar a conclusão de que são culpados, eles terão que pagar”.
De acordo com a denúncia da PGR, o objetivo central dos envolvidos na tentativa de golpe era impedir que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido e evitar a posse de Lula. O plano envolvia a permanência de Bolsonaro na presidência e até um conluio para execução do eleito, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
A procuradoria dá detalhes de como o núcleo duro da organização – composto por Alexandre Rodrigues Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Gustavo Torres, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Mauro César Barbosa Cid, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Souza Braga Netto, além do próprio Bolsonaro – atuou em diversas frentes para atingir esses objetivos.
Trump também foi assunto
Lula comentou o tema logo após uma cerimônia de assinatura de atos com o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, no Palácio do Planalto. O chefe de estado do país europeu foi questionado se enxerga riscos nas posturas do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem ameaçando uma série de tarifas a outras nações. Montenegro defendeu o diálogo entre as nações.
“Nossa visão é muito direta. Defendemos regras de comércio livre e justo. Portanto, entendemos que a fixação unilateral de tarifas com posições protecionistas não é o melhor caminho. Precisamos de entendimento. Minha opinião é que a escalada de decisões protecionistas pode ter alguns efeitos econômicos aparentemente bons em uma primeira fase, mas redundará em aumento de preços que, a médio prazo, trará dissabores econômicos para quem for por esse caminho”.