Em ato realizado nesta terça-feira (18) em Brasília, data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher Saaraui, movimentos populares pediram que o Brasil reconheça a República Árabe Saaraui Democrática .
Em carta aberta dirigida ao ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo, os movimentos pedem a intermediação da secretaria “para que o governo brasileiro dê continuidade ao processo de reconhecimento da República Árabe Saaraui Democrática, expressão da autodeterminação do povo Saharaui, assim como sua representação diplomática na
pessoa do representante da Frente Polisário – Saharaui Ahmed Mulay Ali Hamadi”.
O ato foi realizado na Representação da Frente Polisário no Brasil, embaixada informal da República Árabe Saharaui Democrática, na Vila Planalto em Brasília (DF) e marcou o lançamento do lançamento da 6ª Ação Internacional da Marcha
Mundial das Mulheres (MML) com o lema: “Marchamos contra as guerras e o capitalismo! Defendemos a soberania dos povos e o Bem Viver!”. Desde 2013, a Marcha Mundial das Mulheres colocou no calendário feminista Internacional o dia de solidariedade às mulheres do Saara Ocidental.
“A gente precisa lutar pela autodeterminação dos povos, da vida e dos corpos das mulheres. A autonomia das mulheres não está descolada da autodeterminação dos seus próprios povos”, disse na abertura do ato a militante da Marcha Mundial das Mulheres, Taisa Magalhães. “Estamos pressionando para que o Estado brasileiro reconheça a República Árabe Democrática Saaraui como um Estado e reconheça a sua representação diplomática.”
Os movimentos e organizações populares pedem que o Brasil adote para a República Árabe Saaraui Democrática a mesma posição que mantém em relaçao ao Estado Palestino, uma vez que o povo do Saara é reconhecido pela Corte Internacional da Justiça desde 16 de outubro de 1975 e tem sua representação diplomática reconhecida pela maioria dos países do continente africano e da América Latina.
“Outros povos que vivem situações semelhantes ao que vive a República Árabe Saaraui Democrática, como a Palestina, têm o
reconhecimento de sua existência no Brasil e o direito de tratar sobre seu povo com sua própria representação. O Brasil é reconhecidamente um defensor dos direitos humanos, no trato humanitário e na defesa da autodeterminação dos povos”, enfatiza a carta endereçada a Márcio Macedo.
O documento enfatiza que a situação do Saara Ocidental permanece “uma das mais drásticas” por ter sido invadido pelo Marrocos após o processo de descolonização da Espanha e permanece, desde então, com “suas riquezas sequestradas e seu povo imerso na situação de guerra e violências permanente impostas pelo Estado invasor”.
“Não há pleno acesso a água, remédios e comida. Parte da sobrevivência dos/as Saarauis está na solidariedade nos campos de refugiados e sua existência é garantida pela força e luta cotidiana da população por liberdade e autodeterminação. O Povo Sarauis possui o Direito inalienável à autodeterminação livre e a independência, para pôr fim à perspectiva colonial e restaurar a paz duradoura nesta região africana.”