O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou nesta quinta-feira (20) o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, de querer “virar um imperador do mundo” e afirmou que ele deve “respeitar a soberania” dos países.
“A democracia conquistada após a Segunda Guerra Mundial é um parâmetro e exemplo da melhor governança que tivemos nos últimos 70 anos, mas do jeito que ele (Trump) está fazendo, está tentando virar um imperador do mundo”, disse Lula em entrevista à Rádio Tupi FM.
Lula reforçou a posição do Brasil de responder às políticas tarifárias dos Estados Unidos, caso o republicano leve adiante a imposição de taxas sobre a importação de aço e alumínio, decisão que afeta diretamente o país.
“Agora, ele está taxando os produtos de todos os países. Isso vai causar inflação nos EUA, vai aumentar o preço das coisas nos EUA, pode não ser uma boa política para os EUA. Eu, sinceramente, gostaria que o presidente Trump levasse em conta de que é preciso respeitar a soberania de cada país”, disse Lula.
O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, exportando para lá cerca de 18% de todo metal que as siderúrgicas brasileiras produzem. O governo brasileiro estuda taxar importações de produtos de tecnologia dos EUA, o que incluiria a atuação das big techs, gigantes da tecnologia, como Google, Meta e X.
Em entrevista à rádios mineiras no início do mês, Lula afirmou que o Brasil tem direito de usar a lei da reciprocidade. “Para nós, o que seria importante seria os EUA baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas, se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático”, disse Lula.
Além do Brasil, países como Canadá, México e Coreia do Sul também tendem a ser afetados pela medida de Trump.
Durante o seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, mas concedeu depois cotas de isenção para parceiros, incluindo Canadá, México e Brasil, que são os principais fornecedores desses produtos. Tal precedente faz a medida anunciada pelo presidente estadunidense ser vista com cautela.
Já neste mandato, o estadunidense chegou a anunciar tarifas de 25% sobre produtos vindos do México, mas voltou atrás após negociação com a presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum.
*Com AFP