Pelo terceiro ano consecutivo a Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos realiza a campanha “Respeita as gurias na folia – Juntes por um Carnaval sem assédio”. Realizada por meio do programa Jovens Multiplicadoras de Cidadania (JMCs), o objetivo é prevenir o assédio e promover a conscientização sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Com foco no público jovem, a campanha deste ano já esteve presente na saída do Bloco da Laje e durante a tradicional Descida da Borges, que marca o início do Carnaval da Capital. Haverá ações presenciais durante o desfile oficial das escolas de samba no Porto Seco, que ocorre nos dias 14 e 15 de março. Também está sendo realizado um conjunto de postagens nas redes sociais das JMCs.

“Infelizmente, essa ainda é uma época do ano em que aumentam os casos de assédio e violência de gênero, e é fundamental que a sociedade esteja atenta para combater essas práticas”, afirma ao Brasil de Fato RS, a diretora executiva da Themis, Márcia Soares.
De acordo com a dirigente, a campanha Respeita as Gurias na Folia reforça a mensagem de que o Carnaval deve ser um espaço de alegria, liberdade e respeito para todas as mulheres. Especialmente para as jovens que são mais suscetíveis a situações de assédio e possuem menos ferramentas para enfrentá-lo. “Com essa iniciativa, buscamos alcançar também os jovens homens, e sensibilizar sobre a importância do consentimento das meninas. Além de oferecer informações e suporte para quem precisar.”
Conforme aponta Márcia, nos últimos anos, a campanha teve um impacto significativo, ampliando o debate sobre o assédio no Carnaval e conscientizando sobre a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis. “Conseguimos alcançar milhares de pessoas por meio de ações presenciais e digitais, distribuindo materiais informativos, promovendo diálogos e fortalecendo redes de apoio às mulheres.”
Ela também observa um engajamento crescente de blocos de rua, das escolas de samba e organizadores de eventos carnavalescos. “Isso demonstra que a sociedade está cada vez mais disposta a combater a violência de gênero.”
Para o coordenador geral do Carnaval de Porto Alegre, Gerson Moreira, o Sol, é muito importante que projetos como o da Themis aconteçam dentro do Carnaval. “Na verdade, o Carnaval não é só festa. Ele também é cultura, conhecimento. É uma festa, é do povo, mas o importante é manter o respeito com as mulheres. Desejamos que a nossa parceria junto a esse projeto da Themis seja longa e que, cada vez mais, consigamos fazer com que todas as mulheres sejam protegidas, não somente no Carnaval, e sim no nosso dia a dia.”

Aumento dos casos
Segundo o canal de denúncias “Disque 100”, durante o Carnaval de 2024, o país registrou um aumento significativo de 38% nas denúncias de violações de direitos humanos em comparação ao mesmo período de 2023. Foram contabilizadas 73,9 mil violações a partir de 11,3 mil denúncias entre 8 e 14 de fevereiro de 2024. As principais violações envolveram crianças e adolescentes, com mais de 26 mil casos registrados. Além disso, houve um aumento de 30% nas violações contra o público infantojuvenil em relação ao mesmo período de 2023.
Em relação às mulheres, as denúncias de violações representaram 20,4% do total, incluindo casos recebidos pelo serviço “Ligue 180”, gerido pelo Ministério das Mulheres.
“O Carnaval, apesar de ser uma festa de celebração, infelizmente se torna um período em que as jovens mulheres são ainda mais expostas a desrespeito e violência, com tentativas de beijo forçado, toques invasivos e assédios. Mesmo nas relações consensuais, muitos jovens ainda não compreendem a importância de usar preservativo como forma de prevenção contra ISTs”, pontua a coordenadora da Área de Enfrentamento às Violências da Themis, Rafaela Capora.
De acordo com ela, o desconhecimento e a falta de consciência sobre esses temas podem colocar a saúde de todos em risco. “Esses dados destacam a necessidade urgente de intensificar as ações de prevenção e conscientização durante o Carnaval, visando reduzir o assédio sexual e as violações de direitos humanos.”
