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Na edição deste sábado (22), o Bem Viver, programa produzido pelo Brasil de Fato, traz uma entrevista com um dos nomes mais icônicos e influentes da música brasileira em suas mais de cinco décadas de carreira: Sandra Sá. Nascida em 1953 no Rio de Janeiro, ela se tornou uma das principais vozes do soul e da Black Music no país, ajudando a construir uma identidade única para esses ritmos em terras brasileiras. Sua trajetória é marcada por uma mistura de ousadia, talento e uma conexão profunda com as raízes culturais do Brasil.
Sandra começou a cantar ainda na adolescência, influenciada pelo soul e pelo funk estadunidenses, mas com um olhar atento para as sonoridades locais. Nos anos 1970, ela integrou a banda Black Rio, movimento que revolucionou a música brasileira ao misturar elementos da música negra internacional com o samba, o funk e o jazz, criando um som único e dançante. Foi nessa época que Sandra começou a ganhar destaque, não apenas como intérprete, mas também como compositora, com letras que falavam de amor, resistência e orgulho negro.
Seu primeiro álbum solo, Sandra Sá (1981), consolidou sua carreira e trouxe clássicos como Tudo que Você Podia Ser e Olhos Coloridos – esta última, uma composição de Macau que se tornou um hino atemporal, regravado por diversos artistas e até hoje presente no imaginário musical brasileiro. Sobre a música, Sandra reflete: “Em todo lugar, pessoas cantam, as pessoas falam, o tempo inteiro. Como é que nas redes sociais, as pessoas falam ‘Pô, é um hino’, e não só as redes sociais, todo mundo fala. Tudo o que acontece já retrata tudo o que é.”
Ao longo dos anos, Sandra continuou a inovar, explorando diferentes ritmos e colaborando com grandes nomes da música nacional, como Leci Brandão, que foi a primeira a gravar uma música de sua autoria, Morenando ainda em 1977. Sobre as mulheres na música, ela destaca: “Falar em mulher, de compositoras, uma das grandes, Dona Ivone Lara, Leci Brandão e Pitty, pra ir de um extremo ao outro. A mulherada tá aí toda. E a mulherada negra tá metendo bronca também.”
Hoje, aos 70 anos, Sandra Sá segue ativa e relevante, sendo uma referência não apenas para a música, mas também para a luta por representatividade e igualdade. Sua voz potente e sua presença marcante continuam a inspirar novas gerações de artistas, enquanto ela dança conforme a música, “abraçando a vida” com a mesma paixão de sempre. “Eu vivo assim, como a música diz ‘dançando com a vida, de rosto colado, abraçando apertado, que delícia viver'” diz ela, com a simplicidade e a sabedoria de quem viveu intensamente.
Confira!
Brasil de Fato: Qual o segredo para, aos 70 anos, se manter na ativa e ser uma referência na cena musical brasileira?
Sandra Sá: Não ter segredos. O grande segredo da vida é não ter segredos. É viver a vida como ela se apresenta e você saber… Tipo assim, a Simone tem uma parada que ela fala: ela dança conforme a música, mas não é qualquer música que ela dança. Então, é mais ou menos isso.
Olhos Coloridos ainda é atual 45 anos depois?
Em todo lugar, pessoas cantam, as pessoas falam, as pessoas, sabe, o tempo inteiro, como as pessoas falam… Como é que nas redes sociais, as pessoas falam “Pô, é um hino”, e não só nas redes sociais, todo mundo fala. Então é essa a parada, tá ali, tá ali. Não precisa, não tem nem o que falar. Acho que falar não dá nem para falar. Tudo o que acontece já retrata tudo o que é.
Eu acho que o principal a falar de Olhos Coloridos é o autor, Macau… Chega lá, procura saber qual a da parada.
Embora Olhos Coloridos não seja uma composição sua, você tem muitas composições. Hoje a gente vê mais mulheres, mulheres negras como compositoras. Elas estão com mais espaço pra chegar?
Falar em mulher de compositoras… uma das grandes, Dona Ivone Lara, sabe, Leci Brandão, Pitty, pra ir de um extremo ao outro, então a mulherada tá ali toda. E a mulherada negra tá metendo bronca também, e a mulherada negra é a mulherada do Brasil.
E eu gosto de falar muito de Dona Ivone, de Leci Brandão, porque elas são foda. Inclusive, Leci Brandão foi a primeira pessoa a gravar uma música minha. Em 1977, sei lá por aí, se eu não me engano. Eu não estava nessa vida ainda. Então é isso, a mulherada está ali, ‘crioleba’, tá todo mundo ali, é só a gente prestar atenção.
Você é uma grande referência para o soul, Black Music. Como foi esse processo de você ser uma das expoentes de abrasileirar esse ritmo?
O Brasil não sou eu, não sou eu, não é banda Black Rio. Sabe, é todo mundo, é todo mundo. O Brasil é assim, o que eu falei no show. A gente canta um rock, faz um rock melhor ainda do que o gringo, porque o nosso rock é swingado. A gente faz funk, swingado. O que eu falo, a gente é foda. Sabe, é isso, a gente é muito foda.
Ainda sobre essa diversidade, mas eu queria que você falasse um pouco mais sobre o tambor…
No Brasil, o tambor da crioleba se juntou ao tambor dos donos da terra. Então, uma coisa muito, você perceber bem, uma coisa muito do africano e dos nossos donos aqui, os indígenas. Eu adoro ver documentários indígenas também, porque os caras sabem, muito foda no som, aí juntou com o som do africano. Nossa, só no Brasil. Rola samba, rola tudo, rola tudo, samba rock, tudo, tudo.
Você citou o filme Ainda Estou Aqui. Você assistiu? O que achou?
Ainda não consegui ver, estou atordoada com isso. Mas basicamente, de certa forma, é um filme que eu vou ver sabendo do filme, porque eu vivi nessa época, porque eu vivi isso tudo. Eu me lembro de quando o cara sumiu, me lembro dessas paradas todas, me lembro dessas paradas todas.
Mas eu quero muito esse filme, eu fiquei muito feliz, eu acho que a gente está vivendo um momento muito foda. Eu acho que até o lance da Fernandinha, de tudo, é altamente importante. É bom que as pessoas saibam, as pessoas estão muito…
Não sei, tem algumas pessoas que estão viajando muito na parada, eu vivi nessa época, só quem viveu nessa época sabe qual foi. E nessa época eu vivi, eu estava no ginásio, eu sei, eu sei que rolava, eu senti na pele, senti na pele tipo amigos, sabe, que nunca mais, e cadê Fulano sumiu? Era assim, e Fulano sumiu. Então, sabe, a gente sabe qual é, e é bom que todo mundo saiba, e veja qual é, de verdade.
E sobre o momento atual da música preta brasileira, como você enxerga isso?
A arte mais foda do mundo está aqui no Brasil. Você não pode se prender só ao que está ali na internet, ao que está na rádio, ao que está na televisão. Mas anda pela rua, anda pelos lugares, vai ver o que está acontecendo nos coletivos, nos bares, vai viver.
A nossa música é muito foda e vai muito bem, obrigado. Só falta as pessoas que articulam isso mostrarem. Eu não entendo muito e é muito chato, mas tem um tal de mercado, eu não sei o que é o mercado, tudo é o mercado, então a gente tem que trocar uma ideia com esse tal de mercado e falar com ele: “Não é bem assim não.”
E o que esperar do futuro? Quais as expectativas para 2025?
Mas como sempre, tudo sabe, tudo lindo, trabalhando, várias coisas para fazer, várias coisas na cabeça, várias paradas já em andamento, 2025 vai rolar lindo, mas aí com o chegar do 2026 eu te conto tudo como é que foi, mas vai ser lindo.
Eu vivo sem muito ‘mimimi’, sem muito negócio assim. Porque se a gente ficar com muita onda, muito esquema na cabeça, aí você fica querendo traçar aquele plano, mas de repente acaba perdendo um monte de coisa que está ao seu redor. Eu vivo assim. É como a música, estou “dançando com a vida, de rosto colado, abraçando apertado, que delícia viver”. também, porque os caras sabem, muito foda no som, aí juntou com o som do africano. Nossa, só no Brasil. Aí, aí, rola samba, aí, rola tudo, rola tudo, samba rock, tudo, tudo.
E tem mais…
O programa traz também uma conquista pro país: está em vigor a Política Nacional do Pequi e Frutos do Cerrado.
Na Bahia, povos e comunidades tradicionais trazem as soluções pro país na Jornada de Agroecologia da Teia dos Povos.
E tem receita, a Gema Soto ensina um delicioso prato ala Venezuela, tiras de frango com maionese de banana.
Quando e onde assistir?
No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h, tem programa inédito. Basta clicar aqui.
Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.
Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.
Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.
TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.
Sintonize
No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.