O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, determinou o descumprimento do acordo de libertação de prisioneiros palestinos, que devia ser realizado neste domingo (23). Milhares de palestinos aguardavam a libertação dos 602 prisioneiros, ação que é parte do acordo de cessar-fogo iniciado em 19 de janeiro.
“Foi decidido adiar a libertação de terroristas planejada até que a próxima libertação de reféns seja garantida sem as cerimônias humilhantes”, informou o gabinete de Netanyahu, em referência aos atos realizados durante a libertação de israelenses pelo Hamas.
O Hamas acusou Israel de “violação flagrante” do acordo de cessar-fogo e pediu aos mediadores internacionais, “em particular os Estados Unidos”, que “pressionem o inimigo para que […] liberte imediatamente este grupo de prisioneiros”.
Neste sábado (22), o Hamas cumpriu a última parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo com Israel, libertando seis prisioneiros israelenses. Todos foram entregues à Curz Vermelha. Tal Shoham e Avera Mengisto, foram libertados em Rafah, cidade ao sul de Gaza.
Depois de algumas horas, foram libertados Omer Shem, Eliya Cohen e Omer Wenkert, no campo de Nuseirat, região central de Gaza. O último prisioneiro, Hisham Al-Sayed, foi entregue ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no final do dia.
Assim como em libertações anteriores, o Hamas apresentou cinco prisioneiros em um palco antes de entregá-los ao CICV, procedimento que já havia sido criticadas por esta organização, pela ONU e por Israel. Após a liberação, Netanyahu afirmou que a libertação dos presos palestinos não acontecerá “até que se assegure a próxima libertação de reféns sem as cerimônias humilhantes”.
Mesmo com o avanço na liberação de prisioneiros, o chefe do Estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi afirmou que as forças do país estão preparando “planos ofensivos”, sem dar detalhes sobre as possíveis ações militares.
A primeira fase do acordo se encerra em março. Ainda há incertezas se será possível alcançar a segunda fase, que colocaria fim ao genocídio israelense em Gaza. Em mais de um ano de ataques, mais de 47 mil pessoas morreram, a maior parte delas, mulheres e crianças. Dos 251 sequestrados em 7 de outubro, 62 continuam em cativeiro em Gaza, dos quais 35 estariam mortos, segundo o exército israelense.
Desde que a trégua entrou em vigor, 29 reféns israelenses – quatro deles mortos – foram entregues a Israel, em troca de mais de 1.100 detentos palestinos. Segundo o Hamas, que governa Gaza desde 2007, resta ao grupo apenas entregar quatro corpos de reféns a Israel antes do fim da primeira fase do acordo.
As negociações indiretas para a segunda etapa, que deve resultar no fim definitivo da guerra, foram adiadas.
*Com AFP