A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, rebateu as declarações dadas por Silvio Almeida e disse que o ex-ministro tenta “descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizar suas dores e transformar relatos graves em ‘fofocas’ e ‘brigas políticas’”.
O ex-ministro dos Direitos Humanos deu entrevista pela primeira vez cinco meses após ser acusado de importunação sexual por um número indeterminado mulheres, incluindo Anielle. Ao UOL, Almeida voltou a negar todas as acusações.
Em uma nota publicada em suas redes sociais, Anielle Franco afirmou que, “na véspera de prestar depoimento à Polícia Federal como investigado, o acusado escolheu utilizar um espaço público para atacar e desqualificar as denúncias, adotando uma postura que perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas”.
“O direito à defesa é assegurado, mas não pode ser usado como instrumento de desinformação e revitimização. Insinuar retaliações descabidas contra quem denuncia é uma estratégia repulsiva que reforça estruturas de silenciamento e impunidade”, disse Anielle.
“Importunação sexual não é questão política, é crime. Sendo assim, reitero minha confiança na seriedade das investigações conduzidas pela Polícia Federal e reforço meu compromisso com a defesa das vítimas e o combate à violência de gênero e raça”, concluiu.
Na entrevista ao UOL, Almeida disse que ele e a ministra foram “enredados” na “imundice” da política. “Tem gente especialista, dentro e fora do governo, em criar intriga e vazar para a imprensa. Tanto eu quanto Anielle Franco fomos enredados nessa imundice”, declarou.
Em outro momento, Almeida afirmou que acredita que a ministra “caiu numa armadilha” diante da “falta de compreensão de como funciona a política”. “Não prestei atenção em coisas em que deveria ter prestado mais atenção. Ela, da mesma forma. Ela se perdeu num personagem. Para tentar me desgastar, ela participou desse espalhamento de fofocas e intrigas sobre mim”, disse. “É ingenuidade pensar que cheguei nos lugares aonde cheguei sem angariar adversários, sem que outras pessoas não quisessem estar na minha posição”.
Almeida prestará um depoimento à Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira (24). Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, prorrogou por mais 60 dias o inquérito contra o ex-ministro. As denúncias foram tornadas públicas pelo portal de notícias Metrópoles no dia 5 de setembro de 2024 e confirmadas pela organização Me Too, que atua na proteção de mulheres vítimas de violência.