Embora faça parte do calendário básico de imunização desde 2014 no Brasil, a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) ainda não é realidade para uma parte importante do público-alvo. Frente ao problema, o Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (24) uma estratégia nacional para chegar a jovens de 15 a 19 anos que não receberam as doses nos primeiros dez anos de inclusão do imunizante no esquema vacinal.
A nova política vai envolver as gestões municipais em ações regionais e voltadas para os territórios. A ideia é levar o processo de imunização também para escolas, universidades e salas especiais, ampliando o acesso antes limitado somente às unidades de saúde.
Para corrigir o acúmulo de pessoas não vacinadas em mais de uma década, o plano nacional vai se concentrar nas regiões com os índices mais críticos. São 121 municípios com as maiores proporções de jovens sem proteção. As unidades da federação com índices mais graves são Rio de Janeiro (54%), Acre (40%), Distrito Federal (38%), Roraima (36%) e Amapá (32%).
Até o ano passado, os dados indicavam cerca de 7 milhões de adolescentes na faixa-etária do público-alvo e que ainda não tinham recebido a imunização. Somente os municípios em situação mais crítica concentram quase 3 milhões de pessoas nessa situação. A meta principal é imunizar pelo menos 90% desse montante.
Cada prefeitura deve elaborar um plano de ação próprio. Para auxiliar o processo, o Ministério da Saúde lançou um painel específico para o HPV. A ferramenta permite que as gestões visualizem as coberturas vacinais por faixa etária desde 2014, identifiquem as áreas mais críticas e comparem a evolução dos indicadores.
Quem pode tomar a vacina no Brasil?
A vacinação contra o HPV é distribuída no Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos (esquema de dose única), e para mulheres e homens de 9 a 45 anos vivendo com HIV, transplantados ou pacientes oncológicos (esquema de três doses).
Vítimas de abuso sexual e usuários de PrEP, com idade de 15 a 45 anos, também podem receber a vacina, seguindo esquemas de duas ou três doses, dependendo da idade.
O Papilomavírus Humano é responsável por quase todos os casos de câncer de colo de útero registrados e está associado a diversos outros tumores em homens e mulheres.
A infecção pelo HPV, na maioria das vezes, não apresenta sintomas, podendo ficar latente por anos. Em alguns casos, a diminuição da resistência do organismo pode desencadear o aparecimento de lesões.
Direcionada para os tipos mais frequentes (6, 11, 16 e 18), a vacinação em idade jovem é importante, pois reduz drasticamente o risco de desenvolvimento de câncer de colo de útero e outras doenças relacionadas ao vírus ao longo da vida.