A quarta edição do curso de Carnaval promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná começou no dia 17 de fevereiro, em Curitiba. A formação proporcionou a 20 jovens de diversas regiões do estado uma imersão na cultura do samba.
A programação incluiu oficinais de percussão, escrita criativa, aulas sobre história da música e política no Brasil, além de ensaios com a escola de samba Leões da Mocidade. A proposta é aproximar os jovens do universo carnavalesco e discutir o papel do samba como instrumento de resistência e transformação social.
“O curso é um processo, e não um evento. Ele começa nas oficinas de música e desemboca aqui no 4º Curso de Carnaval e quinto ano com a Leões. Para o MST, isso é fundamental, pois agrega nossa juventude e também pessoas de outras idades”, afirma Célio Andrei Schmidt, da coordenação do MST Paraná.
Schmidt destaca ainda a relação entre o MST e o samba. “Cria-se uma simbiose benéfica para ambos os lados. Evoluímos como coletivo na Unidos da Lona Preta e também contribuímos para politizar o discurso no ambiente das escolas de samba.”
História e resistência
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A Unidos da Lona Preta, ligada ao MST, nasceu há 20 anos em São Paulo, a partir da necessidade de batucadas em atos do movimento. No Paraná, ganhou força durante a Vigília Lula Livre, em 2018, e se consolidou em 2019, quando jovens do MST passaram a auxiliar na produção de fantasias da escola Leões da Mocidade. Dessa parceria, surgiu o curso “MST no Carnaval”, realizado anualmente desde 2020.
Emily Natalia Paz, uma das participantes desta edição, conta que sua visão sobre o samba mudou completamente após a experiência. “Vindo para cá começaram a me explicar que samba é muito mais que barulho, não é só a música, tem história e luta por trás”, diz a jovem, moradora da comunidade Marielle Vive, em Palmas, no sudoeste do Paraná.
A relação entre samba e luta também foi tema de discussão com Juliana Barbosa, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e jurada do Estandarte de Ouro. “Achei muito legal saber que MST tem essa organização com as escolas de samba. E isso tem muito a ver com a cultura do movimento, que é coletiva e formativa, assim como o samba. Isso é Brasil”, afirma.
Agenda de desfiles
Os participantes do curso integrarão os desfiles de duas escolas de samba na capital paranaense:
1º de março: Leões da Mocidade
2 de março: Vai na Fé
3 de março: Apuração dos desfiles