A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed) lançou uma nota de repúdio à decisão da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) de conceder a premiação de “economista do ano” para o atual presidente da Argentina, Javier Milei. O documento foi divulgado na noite da última terça-feira (25).
“Essa escolha não apenas legitima um projeto econômico destrutivo e antidemocrático, como também revela uma preocupante adesão a uma agenda ultraliberal que compromete o desenvolvimento social e econômico da América Latina”, diz o texto.
Na avaliação dos membros da Abed, Milei tem conduzido uma política econômica de desmonte do Estado argentino, atacando direitos sociais e aprofundando o cenário de desigualdades, instabilidade e recessão. A associação ainda destaca que, por ser alinhado a Donald Trump, Milei é submisso ideologicamente às políticas autoritárias e persecutórias que atentam contra a soberania dos povos na América Latina.
“Ao premiar Milei, a Ordem dos Economistas do Brasil não apenas chancela esse projeto nefasto, mas também se distancia do compromisso que deveria ter com uma economia orientada pelo bem-estar social, pelo fortalecimento do desenvolvimento nacional e pela democracia”, continua a nota de repúdio.
A Abed também enfatiza que a Ordem dos Economistas do Brasil não fala em nome dos profissionais e “muito menos daqueles que defendem a preservação da democracia e a promoção do desenvolvimento com justiça social”. O grupo esteve no país vizinho também na terça-feira (25) para entregar a premiação.
Como justificativa para conceder o prêmio, que existe desde 1957, a direção da Ordem dos Economistas do Brasil destacou uma suposta “visão estratégica” e “compromisso com a estabilidade econômica” de Milei.
Nesta quarta-feira (26), o Conselho Federal de Economia (Cofecon) também se manifestou contra a premiação. Em nota, o Cofecon destacou que o presidente argentino “enfrenta um escândalo de natureza econômica em seu próprio país, sendo acusado neste mês de participar de uma associação ilícita que causou prejuízo a mais de 40 mil pessoas”.
O conselho, que regulamenta e fiscaliza o exercício da profissão de economista no país, também reforçou que a OEB é uma entidade privada, composta por “um pequeno grupo de cidadãos, economistas ou não”. O conselho ainda enfatiza que o próprio regulamento do prêmio diz que ele é destinado a economistas que se destaquem na atividade profissional ou em trabalhos em benefício do país, “condições que não se verificam no caso de um economista cuja atuação se dá fora do Brasil”.
Leia a nota completa:
A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia manifesta seu veemente repúdio à premiação de “Economista do Ano” ao presidente da Argentina, Javier Milei, pela OEB.
A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED) manifesta seu veemente repúdio à decisão da Ordem dos Economistas do Brasil de conceder a premiação de “Economista do Ano” ao presidente da Argentina, Javier Milei. Essa escolha não apenas legitima um projeto econômico destrutivo e antidemocrático, como também revela uma preocupante adesão a uma agenda ultraliberal que compromete o desenvolvimento social e econômico da América Latina.
Milei tem conduzido a economia argentina por um caminho de desmonte do Estado, desregulamentação selvagem e ataques aos direitos sociais e trabalhistas, aprofundando a recessão, a desigualdade e a instabilidade econômica. A suposta estabilização da inflação, amplamente exaltada por seus defensores, nada mais é do que a repetição de políticas desastrosas de supervalorização do peso, historicamente responsáveis por sucessivas crises no balanço de pagamentos do país.
Mais grave ainda é a submissão ideológica de Milei às políticas autoritárias e persecutórias de Donald Trump, evidenciando um alinhamento internacional com forças reacionárias que atentam contra a soberania nacional e os direitos dos povos.
Ao premiar Milei, a Ordem dos Economistas do Brasil não apenas chancela esse projeto nefasto, mas também se distancia do compromisso que deveria ter com uma economia orientada pelo bem-estar social, pelo fortalecimento do desenvolvimento nacional e pela democracia. É fundamental destacar que a Ordem dos Economistas do Brasil não fala em nome dos economistas brasileiros, muito menos daqueles que defendem a preservação da democracia e a promoção do desenvolvimento com justiça social. A atual direção daquela entidade demonstra um claro oportunismo ao se apresentar como porta-voz dos economistas brasileiros, tentando legitimar políticas que aprofundam desigualdades e fragilizam a soberania nacional.
A ABED reafirma seu compromisso com uma economia justa, inclusiva e soberana, rechaçando qualquer tentativa de legitimar políticas que condenam os povos ao empobrecimento e à instabilidade.
Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED)