A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo de 2025 vai reunir gigantes do carnaval paulista, neste sábado (1º), no Sambódromo do Anhembi. Sete escolas de samba vão passar pela avenida conforme ordem definida por sorteio realizado pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (LigaSP).
Como tradicionalmente acontece, o segundo dia de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo terá a abertura às 20h30, com a apresentação da Escola Afoxé Filhos da Coroa de Dadá, grupo carnavalesco mais antigo e tradicional da capital paulista. Em seguida é a vez da Águia de Ouro, às 22h30, Império de Casa Verde, às 23h35, Mocidade Alegre, às 00h40, Gaviões da Fiel, 1h45, Acadêmicos do Tucuruvi, às 2h50, Estrela do Terceiro Milênio, às 3h55, e por último, Vai-Vai, fechando os desfiles, às 5h.
A agremiação Águias de Ouro, primeira escola a desfilar, traz o enredo Em Retalhos de cetim, a Águia de Ouro do jeito que a vida quer, e vai homenagear o grande cantor da era do rádio Benito di Paula, de 83 anos. O carnavalesco André Machado desenvolveu o enredo e os compositores foram Rapha SP, Marcus Boldrini e Marcelo Nunes foram responsáveis pela música que vai ser interpretada por Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto.
“Retalhos de cetim dão vida e cor a inspiração. Já comprei surdo e tamborim pra me vestir de emoção. Moço, aumenta este samba, que o verso não para. Descendo a serra com vento na cara, amigo do sol e da lua, filho do povo cigano, meu nome tracei no piano. Sou Benito di Paula, assim a vida me fez feliz”, diz um trecho do samba-enredo.
A segunda escola a entrar na avenida, Império de Casa Verde, vai cantar a literatura. Cantando Contos. Reinos da Literatura é o enredo que deu origem ao samba dos compositores André Diniz, Gustavo Clarão, Darlan Alves, Fabiano Sorriso, Evandro Bocão e Marcelo Casa Nossa.
“Não me venha com essa história da carochinha, o rei dessa avenida todos sabem que sou eu. Nós vamos ver nas entrelinhas o inverso mal contado que você nem percebeu. Qual é a graça da criança que não cresce? E o sentido de zombar dos sete anões? Por que o príncipe só beija Cinderela? E as borralheiras não despertam paixões?”, diz um trecho da música.
A campeã de 2024, Mocidade Alegre, vem em seguida com o enredo Quem não pode com mandinga não carrega patuá, falando das tradições e crenças populares no uso de amuletos e talismãs. O samba-enredo foi feito pelos compositores Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Marcos Vinicius, Márcio André, Salgado Luz, Daniel Goulart e fala da força da cultura negra, contra a intolerância.
“Firma o batuque, ecoa um canto de fé! Mocidade é negritude… axé! É corpo que arrepia, a força a nos guiar. Quem não pode com a morada não carrega patuá”, entoa o refrão do samba.
Quarta a desfilar, a Gaviões da Fiel entra na avenida com o enredo Irin Ajó Emi Ojisé, que significa “A Viagem do Espírito Mensageiro”. É a primeira vez que a escola, fundada pela torcida organizada do Corinthians, vai apresentar um enredo de temática afro. O samba-enredo foi composto por uma reunião de dez autores e vai falar sobre a tradição das máscaras africanas.
“Me fiz, emi caminheiro, fiel mensageiro, orunmilá, eu sou! Chamei o senhor do itinerário e vesti meu ideário na poeira se alastrou. Logo eu que forjei o amanhã na floresta de nanã mascarados a dançar. Assentei meu saber na sua fé, no ayê de gueledé, no feitiço de iyá”, diz a letra.
Acadêmicos do Tucuruvi é a quinta escola a entrar na avenida, falando sobre a beleza dos mantos sagrados dos indígenas tupinambás, roubadas do povo originário para serem expostas em museus da Europa. Assojaba – A busca pelo manto é o enredo que inspirou os compositores Macaco Branco, Professor Carlos Bebeto, Djalma Santos, Chiquinho Gomes, Dr. Marcelo, Denis Moraes, Marcelo Faria.
“Minha pele representa a memória, resistência e bravura dos Tupis, patrimônio secular da minha história, joia rara emplumada vinde a mim. Clamo a ti força maior, seu poder não me oponho, abençoe a nossa escola, realiza nosso sonho. Não foi feito pra você, não foi feito pra vender, a vontade do manto vai prevalecer”, diz os versos.
Retornando ao grupo especial neste ano, a penúltima escola a desfilar é a Estrela do Terceiro Milênio, que vai celebrar a diversidade e a resistência da comunidade LGBTQIA+. Com o enredo Muito Além do Arco-Íris, o desfile promete levar colorido ao Anhembi.
“Pecado é a sua hipocrisia, que em nome de Deus, me silencia. Se o ódio condena quem sou, punhal do pudor sangra a poesia. Veja… a maldade dessa gente perseguindo o diferente desde os tempos de Cabral. Eu respeito a sua crença, mas não chame de doença, sentimento natural. Não há mal que seja eterno, que vá pro inferno a sua moral”, protesta a letra dos compositores Rodrigo Minuetto, Rodolfo Minuetto, Gui Cruz, Portuga, Imperial, Reinaldo Marques, Willian Tadeu e Vitor Gabriel.
A Vai-Vai encerra os desfiles da segunda noite do Carnaval de São Paulo, com uma homenagem ao teatrólogo e diretor, José Celso Martinez, criador do Teatro Oficina, que morreu em 2023, vítima de um incêndio em seu apartamento, na zona sul da capital paulista. O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar desordem é o enredo que a escola levará para a avenida, falando da liberdade e das criações revolucionárias de um dos maiores gênios da dramaturgia.
“Na ousadia da liberdade, tropicalista na vadiagem, no caos, repressão, entra em cena a coragem. A luz nua e crua da sua verdade tem fogo ardente de quem é virado no exu! Volta, zé… ao som da minha batucada, assina a direção dessa folia popular. Quilombo saracura… evoé! Saravá!”, diz o samba enredo composto por Naio Denay e Francis Gabriel.
A compra de ingressos e outras informações logísticas para participar dos desfiles no Sambódromo do Anhembi podem ser consultadas no site da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.