O cessar-fogo entre Israel e Hamas, iniciado em 19 de janeiro, chega ao fim neste sábado (1º) sem consenso sobre os próximos passos do processo. O Hamas afirma estar disposto a avançar com a trégua, mas rejeita qualquer presença de forças estrangeiras na Faixa de Gaza. Os ataques no território palestino foram interrompidos após mais de 15 meses. A ofensiva israelense devastou a região e deixou mais de 46 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde Gaza.
Em mensagem enviada à cúpula da Liga Árabe, que será realizada no Cairo, no Egito, em 4 de março, o grupo palestino reiterou sua “vontade de concluir as etapas restantes do acordo de trégua, que deve levar a um cessar-fogo completo e permanente, à retirada completa das forças de ocupação da Faixa de Gaza, à reconstrução e ao levantamento do cerco”.
Israel, por sua vez, insiste na libertação de mais prisioneiros antes de avançar para um novo estágio e mantém sua posição de retomar as hostilidades caso o Hamas não entregue suas armas.
Durante a primeira fase do acordo, o Hamas libertou 25 prisioneiros e entregou os corpos de outros oito, em troca da soltura de centenas de palestinos aprisionados por Israel. Ainda assim, a incerteza sobre a continuidade da trégua persiste, com o governo de Benjamin Netanyahu reforçando sua determinação de manter tropas em Gaza, mesmo após um eventual cessar-fogo definitivo.
Retorno da guerra seria “catastrófico”
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, classificou a possibilidade de retomada da guerra como “catastrófica” e pediu que todas as partes envolvidas atuem com “máxima moderação”. Ele destacou que as seis semanas de trégua proporcionaram um “respiro frágil, mas vital” para palestinos e israelenses, permitindo a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Guterres também reiterou a necessidade de um cessar-fogo permanente e da libertação imediata e incondicional de todos os prisioneiros. Segundo ele, apenas a continuidade da trégua pode evitar consequências ainda mais devastadoras para a população civil.
Além da situação em Gaza, o chefe da ONU alertou para a crescente tensão na Cisjordânia ocupada, pedindo medidas urgentes para evitar uma escalada do conflito na região.
Com AFP