Muitos relatos de imagens religiosas que miraculosamente não foram destruídas ou levadas pela força das águas foram contadas desde a primeira grande enchente, em setembro de 2023.
Independente da denominação das santinhas e das especificidades das situações, de certo modo relembra sempre a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, resgatada das águas pelos pescadores e acolhida pelo povo como Mãe.

Em Arroio do Meio uma imagem de Nossa Senhora Aparecida já passou por três enchentes e segue firme. Trata-se de uma imagem secundária, pequena, que dividia o espaço do altar na Igreja do Bairro de Nossa Senhora dos Navegantes, destruído pelas enchentes. A santinha, em meio à água, aos escombros e a lama, permaneceu em pé.
Essa Aparecida, preta como a imagem original, sem ornamentos impostos pelo império, machucada como o povo simples que lhe rende a verdadeira devoção também o é, caminha junto com os romeiros e romeiras neste dia 4 de março, percorrendo o roteiro da Romaria da Terra. Inclusive passando pelo seu bairro e outros próximos, onde a destruição e a reconstrução dividem o cenário.
A pequena e singela imagem de Arroio do Meio, assim como tantas e tantas outras, ressignifica a história de Nossa Senhora Aparecida, descida do altar às águas e resgatada das águas às mãos do povo que tanto a conduz quanto é conduzido por Ela.

Esta materia faz parte de edição especial impressa do jornal Brasil de Fato RS sobre a Romaria da Terra. Clique aqui para baixar a edição na íntegra.
* Marcos Antonio Corbari é jornalista
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
