Um ato público está marcado para esta terça-feira de Carnaval (4), em Porto Alegre, em protesto contra os casos de violência policial na Cidade Baixa. A manifestação cobra um canal de diálogo com o governador Eduardo Leite (PSDB) para apresentar denúncia sobre a abordagem agressiva da Brigada Militar (BM), que durante o feriadão de Carnaval aumentou o policiamento ostensivo na região, em meio à proibição de blocos de rua independentes no bairro.
As cenas protagonizadas por agentes da BM na madrugada deste sábado (1º) tiveram ampla circulação nas redes sociais. Nelas é possível ver um grupo de policiais agredindo uma mulher trans que, mesmo imobilizada e gritando “estou rendida, parem”, foi espancada com socos, chutes e spray de pimenta. Ela também teve seu pescoço pressionado contra o chão por um policial. A justificativa para a ação seria desacato.

Após ser algemada e colocada na viatura, a vítima teve a cabeça atingida contra a estrutura metálica do veículo. Para os organizadores do protesto, a ação “claramente constitui tentativa de homicídio, pois assumiu o risco de matá-la”. Além disso, a vítima teria sido algemada e impedida de prosseguir para exames médicos, “enquanto as outras vítimas, todas brancas, aguardam por atendimento no saguão do hospital”.
“O objetivo do ato é conseguir uma reunião com o governador Eduardo Leite para apresentar a denúncia da atrocidade da sessão de tortura que aconteceu na Cidade Baixa”, afirma o militante do PCBR Theo Dalla ao Brasil de Fato RS. Ele estava no local e, enquanto filmava a ação, foi puxado por um policial pelas costas e atingido por um disparo de bala de borracha na perna. Outras pessoas nos arredores também relataram ter sido atingidas por spray de pimenta e empurrões.
O ato cobra o fim do policiamento ostensivo na Cidade Baixa. “E também medidas concretas contra o racismo policial que se evidencia em cada operação que a polícia faz, na distinção de tratamento e principalmente no uso absolutamente abusivo de violência quando se trata de pessoas pretas”, destaca o militante.
“A gente vai fazer esse ato porque a gente não quer que passe impune tudo o que aconteceu. Que não seja só mais uma estatística, apesar da gente ver que sim, é mais um dentre vários outros casos que estão acontecendo só agora no Carnaval, se evidenciando ao longo do Brasil inteiro”, completa Theo Dalla.
A manifestação está marcada para as 17h, no Largo Zumbi dos Palmares.
