O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta segunda-feira (3) um plano de “transformação social e econômica” na região de Catatumbo, localizada na fronteira com a Venezuela, onde há atuação da guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN). Uma das promessas de campanha do atual presidente colombiano foi acabar com o conflito armado no país, que já dura mais de cinco décadas.
O novo plano regional surge em meio a um estado de “agitação interna” que está em vigor desde janeiro na região e prevê um investimento de 2,7 bilhões de pesos, o equivalente a R$ 3,9 bilhões, para erradicar cerca de 25 mil hectares de plantações de folha de coca.
“Se a paz consiste em transformar um território excluído, Catatumbo (…) está imersa em uma das maiores regiões de cultivo de coca”, disse Petro em uma reunião de gabinete exibida pela televisão. Ele destacou que há mais de 50 mil hectares plantados naquela região, metade dos quais estão no município de Tibú, no departamento de Norte de Santander, disse o presidente.
O presidente explicou que o projeto está vinculado a outras medidas em vigor na região. O plano prevê também “pagamentos pela erradicação voluntária de plantações de coca”, titulação de terras, projetos de substituição, comercialização de produtos agrícolas e uma rodovia com conexões com o resto do país, de acordo com o anúncio. O valor do benefício é de 1.280 pesos colombianos, o equivalente a R$ 1.810 por mês, durante o período de um ano.
Negociações de paz
O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas por Petro desde o início do seu mandato, em 2022. O presidente transformou a “Paz Total” em uma política de Estado, a partir da aprovação da Lei 418, que firma o compromisso da Colômbia em manter contato para negociar o fim dos confrontos com os grupos armados.
Em 2023, o Estado colombiano e o ELN chegaram a assinar um cessar-fogo, dando continuidade ao processo de paz iniciado em 2016. Mas tensões com dois dos principais grupos guerrilheiros da Colômbia estremeceram os planos de paz do governo: o envolvimento do ELN no sequestro do pai de um famoso jogador de futebol colombiano e a saída, ainda que momentânea, do Estado Maior Central (EMC) das mesas de negociação.
Em fevereiro deste ano, autoridades da Colômbia denunciaram que as duas guerrilhas estavam violando o acordo de trégua firmado nas negociações de paz. Já o ELN acusa o Estado colombiano de sabotar o processo de paz. Hoje, as conversas entre o grupo guerrilheiro e o Executivo estão suspensas.
ELN liberta reféns
Ainda na segunda-feira (3), após a mediação da Defensoria do Povo, órgão de defesa dos direitos humanos na Colômbia, o ELN libertou 22 pessoas que mantinha em cativeiro desde meados de janeiro na região do Catatumbo.
Olguín Mayorga Pérez, presidente da Associação Nacional de Vítimas, disse à AFP que a libertação ocorreu no município de Convención, no estado de Norte de Santander, região nordeste do país.
*com APF