O Rio Grande do Sul desde o início de 2025 tem passado por ondas de temperaturas elevadas. Na primeira semana de março os termômetros da capital gaúcha têm se aproximando dos 38ºC. Diante desta situação, a deputada estadual Laura Sito (PT) encaminhou um ofício às secretarias estaduais de Saúde e Meio Ambiente solicitando e sugerindo a elaboração de um protocolo de enfrentamento ao calor extremo.
O documento, enviado ainda no mês de fevereiro, propõe que o Executivo estadual coordene a construção desse protocolo junto às prefeituras, levando em conta as projeções científicas que indicam o aumento da frequência e intensidade das ondas de calor no estado.
“A proposta surgiu diante do aumento das ondas de calor no Rio Grande do Sul, que já em 2025 registrou temperaturas recordes. Climatologistas alertam que esses eventos serão cada vez mais frequentes. O calor extremo ameaça a saúde da população, especialmente de grupos vulneráveis, e por isso defendo a criação de um protocolo estadual para mitigar seus impactos com medidas preventivas”, afirma a deputada.

De acordo com prognóstico da MetSul Meteorologia, esta sexta e o sábado serão ainda dias muito quentes para os gaúchos, com tardes de temperaturas em que as máxima superam 35ºC na maioria das regiões com registros pontuais ao redor dos 40ºC.
Já a Defesa Civil do estado alerta que o calor seguirá até este domingo (9).

Temperaturas elevadas no estado
Conforme ressalta Laura Sito, o estado enfrenta cada vez mais eventos climáticos extremos, e o calor intenso já é uma ameaça real. Cita, como exemplo, o ano de 2024, em que se registrou a maior enchente da história. “Somos um dos estados que mais sofreu com catástrofes climáticas em 20 anos, tanto em número de eventos quanto em prejuízos sociais e econômicos. Em 2025, registramos temperaturas recordes, e especialistas alertam que essas ondas de calor serão ainda mais frequentes.”
Diante desta realidade, a deputa defende a necessidade de um plano coordenado para proteger a população, especialmente os mais vulneráveis, como idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas e em situação de rua. “Assim como nas enchentes, defendo que agir preventivamente é fundamental para reduzir riscos e salvar vidas.”
Além da questão ambiental, também direitos humanos
O calor extremo não é apenas uma questão ambiental, mas também de direitos humanos, defende Sito. “As populações mais vulneráveis, crianças, idosos e pessoas com doenças cardiovasculares, são as que mais sofrem com as altas temperaturas”, aponta a parlamentar.
De acordo com um estudo do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado em janeiro de 2024, na revista científica de acesso livre Plos One, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor no Brasil entre 2000 e 2018. A pesquisa analisou as 14 regiões metropolitanas mais populosas do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas cinco regiões do país. A Região Metropolitana de Porto Alegre (POA) aparece na quarta posição em que as ondas de calor mais potencializam mortes.
Conforme aponta o estudo, eventos de temperatura extrema aumentaram quase quatro vezes desde os anos 1970. Idosos, mulheres, negros e menos escolarizados são os mais afetados.
“O Rio Grande do Sul, em especial, tem um alto índice de idosos e de pessoas obesas, grupos mais suscetíveis aos impactos do calor. Como ex-presidente e atual vice da Comissão de Direitos Humanos, vejo que garantir acesso à água, abrigo e condições dignas de trabalho nessas situações é uma questão de justiça social. Precisamos de políticas públicas que protejam essas pessoas, garantindo que ninguém seja deixado para trás diante da crise climática”, pontua a deputada.
Propostas
No documento encaminhado às secretarias, Sito cita como exemplo a cidade do Rio de Janeiro, pioneira no país no desenvolvimento de um protocolo de calor, com ações a serem adotadas para cada um dos níveis de temperatura .
Para o RS, a deputada propõe:
- Estabelecimentos de níveis de calor e medidas cabíveis para cada nível.
- Monitoramento da temperatura e emissão de alertas como ocorre nas chuvas e tempestades.
- Construção de campanhas de comunicação para a população com recomendações e cuidados.
- Em casos de calor extremo, a avaliação de suspensão de atividades externas e de atividades não prioritárias, direcionando os esforços na proteção e recuperação dos indivíduos afetados pelo calor.
