O Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. Desde então, o 8 de março (8M), tem sido uma importante data para chamar atenção da sociedade para a necessidade de ações voltadas ao combate das desigualdades e a discriminação de gênero em todo mundo. Passados 50 anos da oficialização da data, as mulheres ainda lutam para que seus salários sejam equiparados aos dos homens, por mais oportunidade no mercado de trabalho, mais segurança nas ruas, proteção dentro das suas casas e, principalmente, a luta pelo direito de viver.
Para nós da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), as medidas contra o machismo e o respeito ao público feminino devem ser ações diárias a serem desenvolvidas ao longo de todo o ano, e não apenas no mês de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Por isso, criamos o programa Fenae com Elas, que desenvolve ações voltadas para a garantia de direitos de milhares de meninas e mulheres em todo o Brasil.
Além disso, outra grande inciativa foi a nossa adesão à Articulação Nacional pelo Feminicídio Zero, quando assinamos a carta-compromisso com o programa do Ministério das Mulheres em novembro do ano passado.
A iniciativa reforça o nosso compromisso em adotar medidas que venham prevenir a morte de mulheres e ajudar a tirar o Brasil de um triste ranking mundial. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios em 2023 foi o maior já registrado na série histórica do país: 1.463 mulheres foram assassinadas em um ano. Atualmente, o Brasil ocupa a quinta posição global em mortes violentas de mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.
Sabemos que a violência contra a mulher atravessa todas as classes sociais e, muitas vezes, acontece de forma silenciosa. Por isso, é essencial que a conscientização esteja presente em todos os espaços de convivência, como igrejas, hospitais, delegacias, instituições de ensino e locais de trabalho, incluindo a própria Caixa Econômica Federal.
O combate à violência passa pela troca de informações e pela criação de uma rede de apoio capaz de identificar sinais, alertar possíveis vítimas, denunciar casos de agressão e oferecer acolhimento. Muitas vezes, essa escuta ativa e proteção preventiva é o que impede que a violência atinja seu ponto extremo: o feminicídio.
A nossa ideia é que o programa Fenae com Elas seja um grande aliado na luta contra o feminicídio. Com isso, decidimos que os projetos selecionados no edital 004 de Responsabilidade Social da Fenae e das 27 Associações do Pessoal da Caixa (Apcefs) tenham ações voltados para a prevenção da violência doméstica. Como resultado dessa medida, pela primeira vez, todos os projetos sociais selecionados terão um eixo transversal voltado à equidade de gênero.
Além disso, nove iniciativas serão desenvolvidas exclusivamente para o empoderamento de mulheres e meninas, a serem desenvolvidas nos estados do Amazonas, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rondônia, São Paulo e Sergipe. A expectativa é que, em dois anos, as ações beneficiem diretamente cerca de 1.030 mulheres e meninas e, indiretamente, outras 4.010.
A Fenae entende que a violência não é um problema só das mulheres. Por isso, é importante destacar a relevância de legislações como a Lei 13.104/2015 (Lei do Feminicídio), que qualificou o feminicídio como crime hediondo, e a Lei 14.994/2024, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aumentou a pena para feminicídio para até 40 anos. Embora essas leis sejam marcos no combate à impunidade, é imprescindível que o Estado também invista em medidas preventivas.
Combater o machismo e o preconceito de gênero, principais causas da violência contra as mulheres, é crucial, assim como assegurar uma rede eficiente de informação, proteção e acolhimento às vítimas, oferecer possibilidades reais de reconstrução de suas vidas.
É inadmissível saber que a cada seis minutos, uma mulher ou menina é violada sexualmente, e a cada seis horas uma mulher é assassinada no Brasil. Ao criar o Fenae com Elas e aderir à campanha Feminicídio Zero, fazemos um chamado à sociedade, especialmente às empregadas e empregados da Caixa, para unirmos forças e construirmos um Brasil diferente.
Um país onde as mulheres sejam respeitadas, valorizadas e possam viver com liberdade e segurança, livres da sombra da violência. Juntos, podemos transformar essa realidade e garantir que nenhuma vida seja interrompida por falta de ação.
*Rachel Weber é diretora de Políticas Sociais da Fenae.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
:: Clique aqui para receber notícias do Distrito Federal no seu Whatsapp ::