Mulheres de diferentes movimentos sociais, coletivos, sindicatos e de vários locais do Distrito Federal (DF) e Entorno se reuniram em marcha, na tarde deste sábado (8), em Brasília. Com o lema “Ainda estamos aqui! Pela vida de todas as mulheres, contra o machismo, o racismo e o fascismo! Sem anistia!”, as pessoas marcharam da Torre de TV em direção à Rodoviária do Plano Piloto.
“As mulheres estão na rua de novo e ter esse movimento de mulheres compromissadas com justiça, com direitos, e com o bem viver é fundamental. É isso que vai fazer a diferença no enfrentamento do racismo, na superação desses ataques à democracia, e para criar possibilidades de avançarmos no sentido de maior justiça. As mulheres estão na luta por direitos, por liberdade, estão na rua, estão organizadas, estamos juntas. E eu acho que a nossa sociedade entende isso e nos apoia”, afirmou a socióloga e uma das fundadoras do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA).
O 8 Unificadas DF e Entorno reuniu meninas e mulheres de todas as idades. Samara Nascimento, de 13 anos, se juntou à marcha acompanhada da mãe, a conselheira tutelar Monalisa Nascimento. “Eu estou aqui no 8 de março junto com a minha mãe, porque a gente luta muito juntas desde pequenininha”, contou Samara, que participa do 8M desde a primeira edição. “Pelo fato da minha mãe sempre estar na política, ela sempre exigiu que eu estivesse na política junto com ela. E hoje eu estou aqui para poder lutar por nossos direitos de mulheres e para que nós sejamos respeitadas”.
Segundo a mãe Monalisa Nascimento, é importante estar nas ruas no 8M para que a data não caia no esquecimento. “As pessoas acham que esse é um dia de celebrar com flores, mas ele é muito mais que isso. É um dia de luta fundamental para articular todas as mulheres e também as nossas filhas. Nós precisamos pensar em que tipo de pessoas estamos criando. Por isso eu sempre fiz questão de caminhar junto com a minha filha”, destacou.

Já são quase dez anos de 8M Unificadas no DF. A primeira edição aconteceu em 2016, com uma agenda coletiva. A partir de 2017, todo ano há um ato inaugural com a marcha nas ruas.
“Não é uma coisa romântica e simples de ser feita, muito pelo contrário. Tem muita dificuldade, mas a resiliência, a resistência das mulheres é o que tem movido o Brasil. Nós que organizamos ele, pois estamos na rua todo início de ano”, defendeu Thaísa Magalhães, secretária das mulheres na Central Única do Trabalhador no Distrito Federal (CUT-DF).
De acordo com a sindicalista, o 8M não traz pautas apenas voltadas para as mulheres, mas para toda a sociedade. “O 8 de março não é um ato de participação exclusiva das mulheres, é um ato que traz a pauta de justiça social”, diz Magalhães.
Dentre as reivindicações inscritas no manifesto do 8M Unificadas DF e Entorno deste ano, estão o fim das guerras, o fim da jornada 6×1, a defesa de cotas nas universidades e concursos e de uma política de cuidado com crianças, idosos e pessoas com deficiência, pautas que impactam homens e mulheres.
“Sempre bom ressaltar a importância dos companheiros e companheiros da luta feminista, para que assim seja possível a produção de um projeto feminista, antirracista, anti-LGBTfóbico e popular para o Brasil”, destacou Drielle Dias, do Levante Popular da Juventude.
Manifesto
Em relação à conjuntura do DF, o manifesto do 8M Unificadas aponta para ausências e falhas nas políticas públicas do governo distrital, que comprometem a qualidade de vida e o desenvolvimento das mulheres. Um desses pontos é o número insuficiente de creches públicas.

“Há uma invisibilidade do cuidado não remunerado. Nem falamos mais em dupla jornada, mas múltiplas, além do cuidado com os filhos e o trabalho. Precisamos de políticas públicas para que tenhamos mais saúde mental e qualidade de vida. A lista de direitos pelos quais lutamos é imensa, e uma das principais lutas do Mama [Movimento Autônomo de Mães] é o direito à creche e o respeito às crianças em todas as idades”, afirmou Luana Gualberto Andrade.
Mulheres do campo também participaram da construção do ato e da marcha em Brasília neste sábado (8). “A gente vem com a bandeira em defesa da justiça ambiental. Procuramos trazer a pauta da agroecologia, da democracia, de uma política de quintais produtivos agroecológicos e feministas, onde tenhamos políticas e subsídios para as mulheres produzirem e assim fortalecer o campo que também está presente no DF. Estamos aqui trazendo as nossas sementes, a nossa resistência e nossa bandeira”, afirmou Mirele Diovana, da direção nacional do Movimento de Mulheres Camponesas.
No DF, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as mulheres são maioria (54,6%) da população em idade ativa no DF. No entanto, o desemprego é maior entre elas, com 8,8% de mulheres desempregadas, contra 7,4% de homens nessa situação. Os dados são de 2023.
“As trabalhadoras vêm sempre primeiro porque nós somos a maioria. Nós somos quem fortalece, quem é a base, quem segura de fato o movimento. O dia 8 de março é muito representativo para nós porque é defesa da nossa luta enquanto trabalhadoras, enquanto quem defende a democracia, a comida no prato todo dia, a creche, o trabalho e a aposentadoria”, afirmou Juliana Gonçalves, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos do DF (MTD-DF).
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