Você já se pegou com vontade de cair no frevo, mas se conteve por vergonha de dançar ou medo do julgamento dos outros sobre o seu frevo? Essa situação é comum. Mas o mestre de frevo Otávio Bastos, criador do método Mexe com Tudo, garante que o frevo é para todo mundo. Com mais de 30 anos de experiência, Bastos é referência na preservação e democratização do frevo. Ele foi o convidado do Trilhas do Nordeste, programa de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco.
O frevo surgiu no fim dos anos 1800 como uma mistura de ritmos e passos inspirados no jogo da capoeira. A manifestação continua viva e se consolidou como principal símbolo do carnaval de rua em Pernambuco. Mas essa relação do frevo com a festa nas ruas é algo que se transformou ao longo dos anos.
Antes, o frevo acontecia exclusivamente na rua, com orquestras tocando e as pessoas seguindo, ocupando o espaço da cidade com música e movimento. Hoje, muita coisa acontece em palcos montados nas ruas, o que muda a forma como o corpo se expressa. Mesmo com essas mudanças, o ritmo mantém sua essência: o estímulo à liberdade de se movimentar, incluindo todos os tipos de corpos.
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Ele relembra que, quando começou a dançar, percebia que os passistas eram baixinhos e ágeis, “dando saltos incríveis”, e achava que ele – com seus quase 2 metros de altura – não conseguiria acompanhar.
Foi então que conheceu o “frevo cinquentão”, uma variante ensinada por Nascimento do Passo, respeitando os limites de cada corpo, sem exigir grandes saltos ou movimentos complexos, e valorizando a conexão entre a música e o indivíduo. “Não é sobre impressionar os outros. É sobre se sentir bem com o movimento do próprio corpo. Cada um dança dentro dos seus limites e isso é libertador”, diz Otávio.
Assista à íntegra da entrevista ao Trilhas do Nordeste no vídeo abaixo.
Da vontade de tornar o frevo mais acessível e inclusivo, Otávio Bastos criou o Mexe com Tudo, com aulas que atraem pessoas dos 25 aos 65 anos de idade, que descobrem no frevo uma forma de se expressar e se divertir.
Para quem tem vergonha de frevar, Otávio dá uma dica simples: seja sua própria melhor amiga. “Imagine que sua melhor amiga dançou livremente no meio da rua e você a elogiou. Agora, faça o mesmo por você. Não precisa ser espetacular, só precisa se divertir”, aconselha. Ele também dá dicas de como vencer a timidez. “Quando você veste uma máscara, pode ser qualquer coisa. Isso dá uma liberdade incrível para experimentar o movimento”, diz ele.
A ideia deu origem à Troça Carnavalesca Mascarada, uma iniciativa que reúne alunos e entusiastas do frevo para dançar livremente pelas ruas. “Muita gente dizia que tinha vergonha de dançar, então pensei nas máscaras como uma forma de liberar essa expressão”, conta Otávio. Se você ainda está inseguro ou insegura para cair no frevo, o professor lembra que “o frevo é sobre celebração, não sobre performance. Não precisa ser perfeito, só precisa ser seu”.
O Trilhas do Nordeste é o programa de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco e vai ao ar sempre às segundas, às 19h45, na TVT São Paulo (canal 44.1) ou nos canais no Youtube do Brasil de Fato e da TVT.