Nesta terça-feira (11), a Groenlândia, um território dinamarquês com 57 mil habitantes que Trump deseja transformar em propriedade dos Estados Unidos “de uma forma ou de outra”, vai às urnas para escolher seus representantes legislativos.
O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é “muito imprevisível” e que, por isso, “as pessoas se sentem inseguras“, em uma entrevista divulgada nesta segunda-feira (10), um dia antes das eleições legislativas no território dinamarquês.
Mute Egede reiterou que os groenlandeses, que aspiram à independência, não querem ser dinamarqueses ou estadunidenses. Para Giorgio Schutte, analista de política internacional, as eleições são “o primeiro passo para a independência, que é um processo que vai demorar muito, e é uma negociação com a Dinamarca. Ele também pontua que mesmo que o Trump queira interferir nisso, “não existe base para que os EUA interfiram [nesse processo] e incorporem a Groenlândia, não tem nenhuma possibilidade”.
“Nós merecemos ser tratados com respeito e não acho que o presidente [Trump] tenha feito isso ultimamente, desde que assumiu o cargo”, disse Egede.
“Há uma ordem mundial que está titubeando em muitas frentes e um presidente dos Estados Unidos que é muito imprevisível, de tal forma que faz com que as pessoas se sintam inseguras”, declarou Egede à rádio pública da Dinamarca. “As coisas recentes que o presidente estadunidense fez significam que você não quer se aproximar tanto [dos EUA] quanto gostaria no passado”, acrescentou.
A independência será uma das questões cruciais em jogo nas eleições legislativas de terça-feira. Após a decisão da votação, será necessário estabelecer um plano para a independência, com atenção especial para a diversificação da economia e o desenvolvimento de certas indústrias como o turismo, a extração de minérios e a energia verde, disse o primeiro-ministro.
O analista Giorgio Schutte ainda diz que, uma possibilidade seria incentivar a independência do território, assim como fez, em outros períodos, com Colômbia e Panamá, para, finalmente, conseguir algum tipo de influência. “Ao acelerar a independência, e com a Groenlêndia independente, fazem algum acordo de anexação, que não seria simétrico, evidentemente”, pois os EUA “iriam impor os seus interesses”.
O líder da Comunidade Inuit (IA), um partido de esquerda independentista e ecologista, vê o futuro da Groenlândia “dentro da aliança ocidental”. “Há questões de política de segurança e defesa que nos obrigam a estabelecer uma aliança com outros países com os quais já estamos aliados”, declarou Egede.
*Com AFP