A operação militar no oeste da Síria que, desde o último 6 de março, matou mil pessoas segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), teve o seu fim anunciado pelo Ministério da Defesa do país nesta segunda-feira (10). O porta-voz da pasta, Hasan Abdel Ghani, declarou por meio da agência oficial Sana que houve “sucesso” das “forças em alcançar todos os objetivos estabelecidos”.
Em apenas quatro dias, centenas de civis e apoiadores do ex-presidente Bashar al-Assad foram assassinados em um dos episódios mais violentos do país desde a sua derrubada do poder em 8 de dezembro, quando uma coalizão protagonizada por islamitas assumiu o controle na Síria.
O estopim do conflito atual foi na última quinta-feira (6), quando defensores do regime anterior atacaram forças de segurança na região de Latakia, onde há grande presença da minoritária comunidade alaíta, uma linhagem do islã xiita da qual o clã de Bashar al-Assad é pertencente.
Em sua declaração, Abdel Ghani disse que as forças de segurança conseguiram “conter os ataques do que resta do regime deposto”, afastando os seus combatentes de “locais vitais” e, ao mesmo tempo, “manter a segurança nas principais estradas” de Tartus e Latakia.
Já o OSDH, que tem sede no Reino Unido, denuncia que houve execuções sumárias e classifica que a operação foi de “limpeza étnica”. O levantamento do observatório aponta que 745 civis foram mortos, além de 125 agentes de segurança e 148 combatentes defensores de Bashar al-Assad. O governo não divulgou números. O porta-voz do OSDH afirmou que o nível de violência se compara a um ataque feito pelas então forças de Bashar al-Assad em 2013, quando 1.400 pessoas foram mortas com armas químicas em Damasco.
O atual presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, esteve à frente do grupo rebelde Hayat Tahrir al Sham (HTS) – Organização para a Libertação do Levante, em português –, um dos que liderou a ofensiva que depôs Bashar al-Assad. Desde então, o ex-presidente está com sua família em Moscou, na Rússia. Neste domingo (9), Ahmad al-Sharaa fez uma declaração defendendo “unidade nacional”.